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Serpro e CNC am acordo. Foto: Divulgação.
O Serpro fechou um acordo de cooperação técnica com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) visando abrir as portas para a estatal de tecnologia em mais de 5 milhões de potenciais clientes no setor privado em todo país.
Esse é o número de representados pelas 34 federações ligadas à CNC, que por sua vez representam outros 1 mil sindicatos patronais pelo país. Ao todo, as empresas do setor empregam 25,5 milhões de pessoas no país.
A do acordo foi feita na quinta-feira, 9, no Rio de Janeiro, durante encontro da diretoria da CNC.
Em nota, o Serpro afirma que o objetivo do acordo é “identificar as necessidades tecnológicas” e trazer “oportunidades de negócio para o setor terciário de bens, serviços e turismo com a adoção de tecnologias da estatal”.
Todo o assunto ainda está numa fase incipiente. O Serpro fala ainda em “processos de co-criação de produtos” e o “entendimento de modelos de negócio da CNC”.
O Serpro menciona na nota que tem 70 soluções no seu portfólio, citando como exemplos Embarque + Seguro e a Carteira Digital, produtos que incluem funcionalidades de reconhecimento facial e digital, que talvez a estatal ache que tenham aderência para as empresas representadas pela CNC.
“Hoje temos áreas especializadas em fazer desenvolvimento trazendo a inteligência do governo para o mercado privado”, afirmou o diretor de Relacionamento com Clientes do Serpro, André de Cesero.
A CNC também está empolgada: “O Serpro é uma empresa de estado e, assim como a CNC, atua para o desenvolvimento do país”, disse o presidente da CNC, José Roberto Tadros.
O Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) foi criado pelo governo em 1964 para modernizar a istração pública.
A estatal é ligada ao Ministério da Economia, tem cerca de 10 mil funcionários e sua atuação é concentrada em sistemas para a área pública. Ou pelo menos, era assim até pouco tempo atrás.
A aproximação com a CNC é mais um o em uma estratégia anunciada pelo presidente do Serpro ainda em 2019: criar uma empresa mais enxuta, aumentar muito o número de clientes no mercado privado e multiplicar o faturamento como um o prévio para uma abertura de capital na bolsa de valores.
O Serpro parece estar se aproximando do mercado privado pelas beiradas, por meio de intermediários como a CNC.
Em abril, a estatal organizou em conjunto com a AWS um evento focado em conselhos profissionais, visando vender tecnologia da gigante de cloud por intermédio do Serpro.
Existem 35 conselhos no Brasil, indo desde organizações muito conhecidas, como o dos advogados (a famosa OAB) até os museólogos (a menos conhecida Cofem), ando por conselhos de contabilistas, arquitetos, médicos e odontólogos, entre outros.
Assim como a CNC, eles não são propriamente empresas privadas, mas abrem portas para clientes fora do governo.
Hoje mesmo, parece improvável que o plano do Serpro seja executado até o final, ou seja, até uma eventual privatização.
Em junho, o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), responsável pela política de privatizações do governo federal, anunciou um novo cronograma, pelo qual a venda das estatais de TI Serpro e Dataprev ficou para o segundo semestre de 2022.
Até então, Serpro, Dataprev e Telebras tinham vendas projetadas para o primeiro semestre de 2022.
Com a mudança, as estatais ficaram no final da fila das privatizações, o que indica talvez que o governo não tenha tanta prioridade em vender elas no final das contas.
A nova data significa que em tese o governo quer vender o Serpro e Dataprev em meio ao que promete ser uma das campanhas eleitorais mais disputadas da história do país.