
Petry mostra case de sucesso da Dell no offshore. Foto: Baguete.
Nos últimos anos, a Dell ou de uma fabricante de computadores para um fornecedor de TI “service oriented model”.
Estratégia que se fundamentou na criação e distribuição de centros de desenvolvimento global de software, com a primeira instalação no Tecnopuc, em Porto Alegre, em 2001, o que se seguiu com dois centros na Índia e um na Rússia.
Por seis anos, esses centros atuavam de forma independente, em uma espécie de consultoria de desenvolvimento de software para a própria Dell.
A estratégia mudou, e hoje os centros de desenvolvimento globais atuam em um modelo de negócio centrado, em que não são uma estrutura separada, mas ligados, com foco em segmentos de negócio.
Conforme explicou Roberto Petry, gerente de TI da Dell Brasil, durante a Conferência Internacional de Engenharia de Software Global (ICGSE), realizada na PUC-RS da segunda-feira, 27, ao domingo, 30 de agosto, o novo modelo é orientado a demandas de mercado e já resultou em projetos com parceiros, como a Oracle, por exemplo.
“Os centros iniciaram trabalhando em um modelo único – um time global, um processo global, regras unificadas – e, em 2007, engrenaram em um formato de maior independência, com não mais um centro cuidando de todos os times, mas times colaborando entre si, nos diversos pontos”, resumiu Petry.
Para ele, um ganho não só de produtividade, mas também de competitividade.
Na avaliação de Petry, as empresas têm gasto cada vez mais em TI – dados do Gartner, por exemplo, indicam que em 2012 os investimentos corporativos em TIC deverão crescer 3,7% sobre os US$ 3,7 trilhões gastos globalmente no ano ado.
“É importante notar que estes gastos são em tecnologias cada vez mais complexas – não é mais só o software, mas o acréscimo de recursos de mobilidade, cloud, business analytics. Está mais complexo desenvolver software porque se desenvolve softwares mais complexos. A colaboração no desenvolvimento otimiza este trabalho”, comentou o executivo gaúcho.
Opinião compartilhada por Rafael Prikladnicki, diretor da Agência de Gestão Tecnológica (AGT) da PUC-RS e um dos fundadores do Grupo de Pesquisa em Desenvolvimento Distribuído de Software, o Grupo MuNDDos, da universidade.
“A PUC-RS iniciou seu envolvimento com o desenvolvimento distribuído de software em 2001, quando da abertura do Tecnopuc e início da vinda de grandes empresas para a estrutura. Hoje, são diversas, do porte de Dell, HP, Totvs, trabalhando com este formato aqui”, comenta Prikladnicki.
ENGATINHANDO
E não são só as globais que se empolgam com o offshore: conforme o diretor, empresas gaúchas como Ilegra, E-Core, instaladas em Porto Alegre, e DBServer, esta no parque tecnológico da universidade gaúcha, já têm características que favorecem a entrada neste nicho, como a atuação global via clientes, parceiros ou unidades.
“Hoje, até chega a haver iniciativas neste sentido, mas são mais uma resposta a demandas do que projetos de partida. É preciso incrementar esta estrutura”, acredita o professor.
LOCAL x GLOBAL
O tal incremento, segundo Prikladnicki, depende de diversos fatores, mas o principal é a já conhecida carência de mão de obra especializada.
“O mercado ainda carece de profissionais com visão global. Para trabalhar em desenvolvimento distribuído, é preciso ter em conta que nem sempre a resposta de alguém de outro país será a que você esperava, a que está acostumado. A comunicação, a atuação local com visão globalizada, são fundamentais”, conclui o diretor da AGT.