
Pontes: é hora de dar adeus? Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil.
O astronauta Marcos Pontes pode estar com seus dias contados à frente do Ministério de Ciência e Tecnologia.
Segundo revela a coluna Radar da Veja, Bolsonaro vem conversando com o deputado Fábio Faria (PSD-RN) como um possível sucessor, em meio a uma negociação mais ampla de cargos no governo em troca de apoio político do chamado Centrão para se fortalecer contra a turbulência da crise do coronavírus e de um cada vez mais provável processo de impeachment.
Citando "um importante aliado de Faria", a coluna diz que os "movimentos são pessoais", mas que o PSD não se importaria de reaver o ministério, que já foi de um de seus caciques, Gilberto Kassab.
"Na nova realidade do governo, não há espaço para figuras como Marcos Pontes", aponta a coluna, lembrando que Pontes virou ministro em um discurso do presidente no qual ele afirmou que não faria barganhas políticas com partidos do Congresso.
De acordo com a Veja, Faria “caiu nas graças do presidente e de seu núcleo familiar” pelo fato de ser genro do dono do SBT, Sílvio Santos.
O SBT, como é sabido, tem feito uma cobertura mais simpática do governo Bolsonaro do que outros canais de televisão, com direito a entrevistas exclusivas do presidente em atrações populares como o programa do Ratinho.
Faria tem também uma dose de "pedigree" político, sendo filho do ex-governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria, e deputado federal desde 2006, ficando normalmente entre os quatro mais votados no estado.
O PSD é um candidato natural para controlar o ministério de Ciência e Tecnologia. Gilberto Kassab, um dos líderes do partido, foi ministro da pasta de maio de 2016 até janeiro de 2019.
Kassab anda em um limbo, depois de durar apenas três dias a gestão como líder da Casa Civil do governo João Doria (PSDB), quando foi exonerado para tratar de “problemas particulares”, na forma de uma série de problemas com a justiça.
O único astronauta do país, tendo participado de uma missão espacial em 2006, Pontes mantinha uma carreira de palestrante motivacional e empreendimentos meio duvidosos como um “travesseiro aprovado pela Nasa”, ao ser chamado para o cargo de ministro de Ciência e Tecnologia.
Apesar de estar entre os primeiros ministros anunciados pelo presidente Bolsonaro e de ter sido recebido com expectativa moderada pela comunidade de ciência e tecnologia, Marcos Pontes não pode ser considerado um player lá muito ativo em Brasília.
O ministro ressurgiu das sombras ao anunciar, no dia 15 de abril, que o governo conduziria testes de “remédio secreto” contra o coronavírus.
O assunto gerou especulação por alguns dias, até ficar provado que se tratava da nitazoxanida, um vermífugo vendido no Brasil com o nome comercial de Annita.
O remédio teria demonstrado cerca de 94% de eficácia contra o novo coronavírus em experimentos in vitro, mas essa é uma fase muito preliminar de pesquisa, ainda em ambientes controlados de laboratório.