
Coisa ficou feia para a SAP. Foto: Depositphotos.
A SAP está metida em um rolo gigante nos Estados Unidos, onde o Departamento de Justiça está liderando uma investigação sobre superfaturamento em vendas para o governo ao longo de uma década.
O processo está focado em um possível conluio com a Carahsoft Technology para inflar artificialmente o valor de contratos para as Forças Armadas dos Estados Unidos e outras 100 agências do governo americano em um valor total de US$ 2 bilhões desde 2014.
No final de setembro, o FBI bateu na porta da Carahsoft, mas não está claro se isso está relacionado com a investigação do Departamento de Justiça.
A Carahsoft não é qualquer empresa. A integradora é uma das maiores fornecedoras de tecnologia do governo americano, com uma receita de US$ 13 bilhões em 2022.
A investigação sobre a SAP foi revelada pela Bloomberg. O site destaca, porém, que muitas investigações do tipo nos Estados Unidos acabam sem gerar uma acusação formal.
Procurada pela Bloomberg, a SAP confirmou que recebeu uma intimação do Departamento de Justiça em 2022, e está cooperando com a investigação desde então.
Ainda segundo a empresa, o Departamento de Justiça pediu documentos sobre os processos de licitação e precificação da SAP e seus revendedores, incluindo a Carahsoft.
Não é a primeira vez que a Carahsoft se mete em rolos. Em 2015, a integradora e a VMware aceitaram pagar uma multa de US$ 75.5 milhões para encerrar uma investigação sobre más práticas em vendas para o governo.
A Carahsoft trabalha com centenas de marcas, incluindo nomes como AWS, Google, Microsoft e Oracle. Apesar do tamanho, a companhia é uma desconhecida fora dos Estados Unidos.
Todo o contrário da SAP, uma das marcas mais conhecidas do meio de tecnologia, cujas os softwares são vendidos como uma porta de entrada a um compêndio das melhores práticas de governança corporativa.
A SAP já teve problemas com corrupção em vendas para o governo em outros países, mas com repercussões nos Estados Unidos.
No começo do ano, a multinacional alemã topou pagar uma multa de US$ 220 milhões nos Estados Unidos para encerrar investigações sobre pagamento de propinas em troca de contratos pǘblicos fechados na África do Sul, Malawi, Quênia, Tanzânia, Gana, Indonésia e Azerbaijão.
As acusações vinham do Departamento de Justiça dos Estados Unidos e da Comissão de Valores Imobiliários do país, além da promotoria da África do Sul.
O governo americano agiu usando o Foreign Corrupt Practices Act (FA), que permite ao país investigar casos de corrupção fora do país.
O caso veio à tona em 2017 e envolve a atuação de parceiros da multinacional nos países mencionados entre dezembro de 2014 e janeiro de 2022.
De acordo com as autoridades americanas, a SAP teria registrado as propinas como despesas legítimas de negócios, o que foi facilitado por controles financeiros inadequados de parceiros e subsidiárias da multinacional alemã.
Em 2016, a multinacional já tinha pago uma multa de US$ 3,9 milhões para a Comissão de Valores Imobiliários americana por um caso de corrupção no Panamá.
A dimensão do caso agora, porém, é bem diferente, envolvendo contratos com valores na casa dos bilhões.
A legislação usada pelo Departamento de Justiça americano nessa investigação, chamada de False Claims Act, permitiria a cobrança de uma multa equivalente a três vezes o dano gerado pelo superfaturamento, mais uma penalidade extra.