
Retrato de uma eminência parda enquanto jovem.
O Instituto Liberdade promoverá em Porto Alegre, entre os dias 14 e 15 de setembro, o que está divulgando como “a primeira conferência objetivista da história em nosso país”, focada na discussão das ideias da filósofa russo-americana Ayn Rand.
O encontro, que tem apoio de organizações internacionais focadas na promoção das ideias de Rand, assim como do Instituto de Estudos Empresariais, promotor do Fórum da Liberdade, trará para a capital gaúcha Onkar Ghate, autor e colaborador de vários livros sobre as obras de ficção e filosofia de Ayn Rand, além de Tal Tsfany, investidor da área de tecnologia e ex-vice-presidente de sucesso da Mulesoft e CEO do Instituto Ayn Rand.
Pelo lado brasileiro, estão confirmados Marcel Van Hatten (Novo-RS), deputado federal mais votado nas últimas eleições, com 349,8 mil, e um dos nomes do liberalismo brasileiro em Brasília, além de Arthur Moledo do Val (DEM-SP), deputado estadual paulista conhecido pelo canal de Youtube, Mamãe Falei.
Ayn Rand publicou The Fountainhead (traduzido no Brasil como A Nascente) e Atlas Shrugged (traduzido no Brasil para A Revolta de Atlas), seus livros de ficção mais conhecidos, em 1943 e 1957, e viveu o auge da sua influência intelectual em vida nos anos 1960, quando promoveu a doutrina moral do objetivismo.
Suas obras mais populares têm como personagens centrais empreendedores lutando para levar a cabo suas visões, em um mundo que tolhe o indivíduo e premia o conformismo e a mediocridade.
Em Atlas Shrugged, essa elite de inovadores faz uma “greve de talento”, liderada por um personagem misterioso chamado John Galt. O mundo é jogado nas trevas até ser reassumido pelos seus líderes naturais.
Em cima da razão, Rand tentou construir um novo sistema moral, no qual o interesse próprio racionalmente entendido orientava a conduta ética do indivíduo e a construção de uma sociedade verdadeiramente capitalista.
Falecida em 1982, Rand está mais viva do que nunca nos valores éticos do Vale do Silício, no qual suas ideias tiveram uma renascença nos últimos 20 anos, se tornando uma verdadeira eminência parda.
A visão de Rand do papel do empreendedor, que dá um toque moral à doutrina da destruição criativa do economista austríaco Joseph Schumpeter pode ser visto como a força motriz por trás de chavões como “Mexa-se rápido e quebre coisas”, um clássico do Facebook, ou ainda “É melhor pedir desculpas do que pedir licença”, do Uber.
Ambas não deixam de ser derivações de uma frase frequentemente atribuída a Ayn Rand: “A questão não é quem vai me deixar, é quem vai me impedir”.
Travis Kalanick, fundador do Uber, Steve Jobs, fundador da Apple, e o megainvestidor Peter Thiel são alguns dos fãs declarados da autora.
Uma dica do editor: as ideias de Rand são instigantes, mas quem quiser conhecê-las melhor provavelmente deveria evitar calhamaços como Atlas Shrugged e ler com uma certa dose de cautela as coletâneas de artigos da escola objetivista sobre moral e economia.
As duas mais conhecidas são The Virtue of Selfishness (A Virtude do Egoísmo) e Capitalism: The Unknown Ideal (Capitalismo: O Ideal Desconhecido).
Neste último livro, inclusive, um dos jovens colaboradores de Rand é ninguém menos que Alan Greenspan, que, anos depois, se tornaria o todo poderoso líder do Fed Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos.