
O setor de TI do Rio Grande do Sul espera mais do futuro governo liderado por Tarso Genro do que foi feito pelos seus antecessores.
Foi o recado que deram no Tá na Mesa da Federsul desta quarta-feira, 24, os gestores dos três maiores parques tecnológicos gaúchos ligados a universidades privadas – PUC-RS, Unisinos e Feevale - e, ainda que de forma mais tímida, da Ufrgs.
A consideração é que o desenvolvimento do setor de alta tecnologia gaúcho tem caído sobre os ombros das universidades e empresas e que sem uma participação maior do governo o plano de criar no estado um cluster de tecnologia com visibilidade mundial não sairá do chão.
Os reitores das instituições de ensino superiores já iniciaram conversas para evoluir os projetos de colaboração em P&D existentes para um cenário de programas e responsabilidades compartilhadas. Quanto ao governo, a bola está com Tarso Genro.
“Precisamos de um governo que ajude a puxar a fila, desde a Secretaria de Ciência e Tecnologia ou outras instituições”, resume Maurício Andrade, diretor da Valetec, destacando a importância de ações de coordenação entre os diversos municípios que são parte da experiência do parque, hoje instalado em três cidades.
Andrade não foi o único a mencionar a combalida Secretaria de Ciência e Tecnologia. “A secretaria precisa mais de articulação e conhecimento do que orçamento”, acredita Susana Kakuta, gestora executiva do Tecnosinos.
Suzana destacou que os parques tecnológicos gaúchos já empregam 10 mil pessoas, formando uma base “única no Brasil”, mas que tem recebido uma atenção “tímida” do governo em termos de marco legal, financiamento e formação de mão de obra.
Roberto Moschetta, diretor do Tecnopuc, pediu uma “orientação estratégica” do governo em promover o investimento em tecnologia. “C&T não é um tema com adesão popular, não dá voto”, reconhece Moschetta. “Mas a istração pública precisa saber que nada promove mais crescimento de PIB per capita e agir em consequência”, afirma.
Menos enfática que os colegas, a secretária de desenvolvimento tecnológico da Ufrgs, Raquel Mauler, reconheceu a necessidade de um “catalisador” para os esforços das universidades, mas preferiu destacar os avanços em geração de pedidos de patentes na federal – de 6, em 2005, para 30, em 2010.
Nomeação aponta mudança de rumo na SCT
Os anseios do setor de TI por um perfil mais técnico na SCT parecem ter sido atendidos com a nomeação de Jorge Guimarães, atual presidente da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).
Nessa quarta-feira, em entrevista à rádio Guaíba, Guimarães destacou que é preciso explorar melhor as condições e as vantagens que o Estado detém na área de tecnologia, sendo uma delas o “bom nível das instituições acadêmicas gaúchas”.
Guimarães também salientou a importância de diversas instituições, além do conjunto de institutos e organizações importantes, como a Fiergs, a Faurgs, a Fapergs. Na avaliação do secretário, a ideia é fazer um consórcio de instituições que possam impulsionar ainda mais o setor.
A nomeação é uma mudança na tendência dos últimos anos, nos quais os profissionais mais ligados à comunidade de Ciência e Tecnologia - Paulo Maciel e Julio Ferst - permaneceram à frente da secretaria apenas como interinos sendo substituídos por políticos sem contato prévio com a área.
Em julho, entidades do setor, além de Tecnopuc e Tecnosinos pediram a permanência de Ferst no cargo até o final do governo. Ferst acabou sendo substituído por Eduardo Macluf, eleito vereador em Pelotas em 2008.
As especulações que procederam a chegada de Guimarães não eram muito animadoras. Os primeiros rumores sobre o cargo apontavam o deputado estadual Mano Changes. O líder da Comunidade Nin Jitsu tinha entre suas propostas a expansão da banda larga, mas sua entrada no governo foi abortada pela desistência do PP em apoiar Tarso.
As últimas informações advam conta de que a secretaria está sendo oferecida ao PDT – com a pasta de Esportes e o Gabinete dos Prefeitos como outras opções – como uma espécie de “prêmio de consolação” caso os trabalhistas desistam da sua pretensão de assumir as pastas de Saúde e Agricultura e ficasssem com apenas uma.