
A minha felicidade é um crediário, etc. Foto: Flickr / Via Varejo.
A Via, grupo controlador das varejistas Casas Bahia e Ponto (ex-Ponto Frio), sofreu um aumento explosivo de ações trabalhistas, que cresceram 82% no primeiro semestre do ano, na comparação com o mesmo período de 2020.
Os funcionários também estão processando mais cedo: nove meses depois da demissão, frente a uma média anterior de 22 meses, o que está levando a um aumento na quantidade total de ações pela primeira vez em cinco anos.
Por causa disso, a Via divulgou um fato relevante, revelando que estava dobrando de tamanho o seu caixa de reserva para pagar ações trabalhistas, chegando a R$ 2,5 bilhões.
No fim de 2019, a empresa já havia anunciado uma provisão de R$ 1,3 bilhão para derrotas em ações trabalhistas.
Os problemas da Via são causados em parte por condições específicas da varejista, mas em outra parte por modificações estruturais que afetam qualquer empresa-
A situação interna da Via é o aumento do ticket médio das indenizações, que subiram 32%, o que a empresa explica pela “maior quantidade de condenações relativas às mudanças estruturais efetuadas pela companhia desde 2011”.
A Via não dá maiores detalhes, mas uma hipótese simples para explicar isso seria o fato de profissionais com muitos anos de casa terem entrado na justiça depois de serem demitidos na reestruturação.
O lado geral é o que a Via aponta como o “maior volume de judicialização em relação ao turn-over natural”, o que, traduzindo, significa que mais funcionários estão entrando na justiça depois de serem demitidos.
A explicação do fenômeno na Via poderia se aplicar a qualquer outra empresa.
De acordo com a empresa, o aumento se deve “principalmente à atuação de profissionais especializados em captar causas trabalhistas, que tem como prática incentivar colaboradores ativos e ex-colaboradores a demandarem contra a companhia, com promessas de ganhos e até adiantamento de valores”.
Além disso, o “cenário de deterioração econômica”, um reflexo da pandemia da Covid-19, tende a impactar diretamente na decisão de ingresso de novas reclamações, avalia a Via.