
Mudança radical na maneira de fazer as coisas na Dell. Foto: www.flickr.com/photos/dellphotos/
A Dell está apostando no mundo de “vendas como serviço” com o lançamento do Dell Technologies On-Demand, uma novidade com a qual a gigante de tecnologia coloca todo o seu portfólio à venda como serviço.
O anúncio foi feito durante o Dell Technologies Summit, e a oferta inclui toda a linha de infraestrutura da companhia, partindo dos servidores, storage, redes e virtualização, e também inclui o já existente Dell Unified Workspace, serviço de gestão e provisionamento de PCs e hardware para as empresas.
Esta oferta, aliás, foi ajustada para também atender pequenos e médios negócios, da aquisição de PCs até serviços cloud de gerenciamento do ciclo de vida das máquinas.
A oferta do Dell Technologies On-Demand já está disponível nos EUA e alguns mercados internacionais, mas não foram dadas informações sobre quando esta oferta chega ao mercado latino-americano.
Para fins de comparação, o Unified Workspace foi lançado em abril deste ano, mas já está disponível para clientes brasileiros.
Com a investida no "tudo on demand", a Dell aposta também no conceito do experiência como serviço (XaaS), termo que também entrou na agenda de gigantes rivais como a HPE e Lenovo.
Em junho, a HPE levantou a bandeira do "Everything as a Service", apontando que todo o portfólio da empresa estaria disponível neste modelo até 2023. A Lenovo também fez parecido com o Tru Scale, embora o catálogo de produtos da gigante chinesa fique mais na parte de infraestrutura.
No caso da Dell, o escopo promete ser muito maior, dada a abrangência do "cardápio" que a multinacional texana tem à sua disposição, depois da aquisição da EMC em 2015 por US$ 67 bilhões.
Já na época, um dos pontos fortes da nova empresa, que também incluiu a gigante de virtualização VMWare, era a possibilidade da Dell se tornar soberana como fornecedora de soluções "ponta-a-ponta" no mercado.
A empresa pode ter tocado no assunto depois da sua competição, mas chegou com uma estrutura mais organizada, segundo disparou o vice-chairman da companhia, Jeff Clarke.
"Nossa oferta permite que empresas planejem, provisionem e gerenciem toda sua cadeia de TI agora. O mundo multicloud só vai crescer, e nossos clientes vão precisar de infraestruturas consistentes e sob demanda para atender suas necessidades", afirma.
A manobra da Dell encontra respaldo nos dados do Gartner, que apontam que até 2022 15% das novas aquisições de infraestrutura on-premise serão pagas como custo operacional.
Entretanto, a empresa não chegou a dar informações sobre qual será a fatia deste modelo de consumo dentro de sua tradicional fonte de receita, que ainda é a venda de soluções "na caixa".
No ano fiscal encerrado em 2019, a companhia teve um faturamento total de US$ 90,6 bilhões, e aproximadamente US$ 19,3 bilhões foram gerados pela divisão de serviços, crescendo 9% sobre os US$ 17,7 bilhões registrados em 2018. Entretanto, não se sabe quanto deste montante é proveniente de serviços de IaaS ou PCaaS.
POWERONE
A "carta na manga" da Dell para sustentar este novo modelo de oferta é também foi apresentando durante o evento.
O PowerONE é um sistema de infraestrutura convergente que promete entregar todo o portfólio de infraestrutura dentro de uma única caixa, incluindo no meio capacidades de gerenciamento autônomo.
Segundo a própria Dell, o PowerONE é o primeiro de produtos totalmente otimizados para o modelo de pagamento por subscrição, incluindo no mesmo pacote servidores PowerEdge MX, redes PowerSwitch e SmartFabric, storage PowerMax e PowerProtect, completos com virtualização VMWare.
Tudo isso fica sob uma camada de inteligência, que integra e automatiza etapas, oferecendo um datacenter como serviço gerenciado pelo cliente.
Para o fundador e presidente da Dell Technologies, Michael Dell, integrar e tornar cada vez mais autônomas as infraestruturas de TI será um futuro inescapável para os fornecedores de TI, e o plano da sua empresa é estar preparada para o que vier pela frente, seja no modelo de venda tradicional ou por serviços.
Aliás, segundo Dell, esta já estava nos planos da organização desde a fusão, quatro anos atrás.
"Quando nós entramos em negociações em 2014, até o anúncio em 2015, já tínhamos essa ideia. Apenas ter storage, redes, processamento, software e hardware não seria a resposta. Precisávamos colocar tudo isso junto", observa Dell.
* Leandro Souza viajou a Austin para o Dell Technologies Forum a convite da Dell.