
Leonardo Coelho Pereira. Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados
As fraudes contábeis na Lojas Americanas, que acabaram virando um buraco sem fundo de R$ 20 bilhões, eram combinadas em um grupo do WhatsApp com integrantes da antiga diretoria da gigante do varejo.
A revelação foi feita pelo atual CEO da varejista, Leonardo Coelho Pereira, durante depoimento em uma I sobre a Lojas Americanas em Brasília nesta terça-feira, 13.
As declarações de Coelho à I foram feitas poucas horas depois da Americanas soltar uma nota com resultados de uma investigação interna, na qual a empresa definiu o ocorrido pela primeira vez como uma fraude, deixando para trás o discurso sobre “inconsistências contábeis” usado desde o começo do escândalo, em janeiro .
(A coincidência chamou atenção, porque a investigação interna ainda não está concluída. A impressão que ficou é que a Lojas Americanas quis facilitar a participação do CEO na I, e, principalmente, proteger os seus principais acionistas, nomes de peso do capitalismo brasileiro).
Segundo explicou Coelho na I, 30 pessoas são suspeitas de terem envolvimento na fraude e começaram a ser demitidas nesta terça-feira, 13. A antiga diretoria foi demitida em peso no começo do ano.
Coelho relatou que a antiga diretoria apurava um prejuízo operacional (Ebitda) de R$ 733 milhões em um relatório intitulado “visão interna” e transformava em outro chamado de “visão conselho” em um lucro artificial de R$ 2,9 bilhões.
“Pode-se criar lucro a partir de uma planilha, mas não se cria caixa. Para fazer isso, precisa-se de empréstimo bancário. Aqui entra o risco sacado que era negado pela diretoria aos auditores e contabilizado na conta fornecedores”, detalhou Coelho.