
Antonio Lopes, Vaner Soares e Eduardo Marin.
A Green4T, uma empresa fundada em 2016 por três ex-funcionários da Aceco, fechou a compra de 70% da sua antiga empregadora, uma companhia com pelo menos o dobro do tamanho que é a líder disparada no segmento de construção e manutenção de data centers para grandes organizações no país.
Para entender como o negócio pode acontecer, é preciso recapitular a história complicada da Aceco nos últimos anos, entre cujas consequências está a criação da própria Green4T e sua decisão final de comprar a Aceco.
Tudo começa em 2014, quando o fundo internacional KKR comprou o controle da Aceco por US$ 1,2 bilhão, no seu primeiro e último negócio no Brasil.
Logo em seguida começou uma disputa entre o KKR e a família Nitzan, fundadora da Aceco. A KKR acusou a família Nitzan de inflar os números pré-venda. Com a economia em crise, o desempenho da Aceco caiu.
Um terço do valor total da compra foi bancada por um crédito de diversos bancos, principalmente o Bradesco, deixando a dívida a nome da Aceco, um mecanismo comum de financiamento de grandes operações. Em meio à briga, as dívidas não foram pagas.
No meio dessa confusão, a Green4T foi fundada em 2016 por Eduardo Marini, VP da Aceco entre 2013 e 2015 e Antonio Lopes, ex-COO da Aceco e Vaner Soares, ex-diretor de engenharia.
Marini entrou na empresa em 2013, como representante do fundo GA.
Lopes, conhecido como Bob, e Soares tinham cada um 20 anos de Aceco, são ambos engenheiros com grande conhecimento do segmento de construção e data center.
Eventualmente, outros 11 sócios se juntaram à Green4T, nove deles vindos da Aceco.
A empresa foi bancada com investimentos dos três sócios iniciais e logo emplacou bons contratos com T-Systems e Equinix, fazendo os negócios engrenarem. No ano ado, a empresa faturou R$ 140 milhões.
A família Nitzan e o KKR finalmente chegaram a um acordo em abril do ano ado. Nenhum dos dois lados falou do assunto, mas, segundo fontes ouvidas pela Folha de São Paulo, a família Nitzan pagou US$ 50 milhões para encerrar a disputa.
Os novos donos, ou, dependendo como se olhe, os velhos donos, recuperam a empresa, mas ainda tinham uma dívida na faixa dos R$ 500 milhões. Foi aí que surgiu uma oportunidade para a Green4T.
A companhia tomou um financiamento de R$ 160 milhões junto ao Bradesco e somou a R$ 27 milhões de recursos próprios para levar 70% da Aceco.
Os 30% restantes permanecem com os Nitzan, que indicaram uma pessoa para o conselho de istração. Jorge Nitzan, o executivo que construiu a Aceco, não participa diretamente da nova empresa.
“Acredito que esse negócio resolve um somatório de questões pessoais e financeiras, unindo duas empresas que não deveriam ter se separado”, resume Eduardo Marini, CEO da Green4T.
De acordo com Marini, tanto a marca Green4T como a marca Aceco seguem ativas. A Aceco terá foco em contratos de manutenção de data center, com 500 funcionários e uma base de 8 mil metros quadrados em Diadema, na região metropolitana de São Paulo.
Já a Green4T segue sediada no Brooklin, bairro em alta no centro da capital paulista, e deve seguir focando na construção de novos data center, mais também em projetos mistos, que combinem a infra on premise dos clientes com nuvens públicas como AWS, Google e Azure.
A divisão significa uma mudança de posicionamento estratégico para a Aceco e uma atitude mais adequada frente as necessidades do mercado hoje em dia, aponta Marini.
“A Aceco sempre esteve muito focada em construção de data center. A nova empresa que nós estamos formando agora vê essa como uma das respostas para os problemas dos clientes, em combinação com outras”, avalia o CEO.
Juntas, Marnini espera que as empresas faturem R$ 450 milhões em 2019, dentro de uma previsão “pé no chão”. É longe dos resultados dos anos dourados da Aceco, que em 2013, antes de toda novela com a KKR, faturava R$ 800 milhões por mês.
Mas é um o na direção correta.