
Verde apontou o dedo para a Americanas. Foto: Depositphotos.
A Verde Asset Management, uma das maiores gestoras de fundos do país, chamou a situação na Americanas de “a maior fraude da história corporativa do Brasil”.
A avaliação veio no relatório sobre o mês de janeiro, divulgado nesta segunda-feira, 6, na parte sobre o impacto da situação da varejista sobre os resultados da Verde, que comprou bilhões em debêntures da Americanas.
O texto segue com críticas à gestão interna da crise na Americanas e à atuação do trio Carlos Alberto Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Herrmann Telles, donos do fundo 3G e os maiores acionistas da Americanas.
No documento, a Verde ressalta que “beira o inacreditável” que, somente 23 dias após o estouro do escândalo, alguns executivos tenham sido afastados.
(O conselho de istração da Americanas afastou três diretores estatutários e três executivos da companhia, deixando no comando apenas o CEO interino, João Guerra).
A Verde também não poupa palavras sobre o 3G: “Diante da escolha entre aportes para reparar um pedaço substancial da fraude, ou preservar sua reputação / legado, têm ficado silentes, mas claramente escolheram a opção financeira”, aponta o texto.
Em nota no dia 22 de janeiro, Lemann, Telles e Sicupira negaram qualquer envolvimento em práticas ilícitas, afirmando que não sabiam dos problemas e se colocando como prejudicados pelo escândalo.
As chamadas “inconsistências contábeis” no balanço somam R$ 20 bilhões, levando a dívida da varejista a um total de R$ 43 bilhões. A Americanas entrou com um pedido de recuperação judicial que deve ser um dos maiores da história do país.
A Verde é cética sobre os resultados do processo. “Quanto mais tempo levar, menor a chance de alguma recuperação relevante para a companhia (e seus funcionários, fornecedores, credores e acionistas)”, observa a gestora.
O relatório da Verde é o posicionamento público mais duro dos prejudicados pelo escândalo da Americanas. Até agora, os maiores credores tinham falado apenas através das palavras de advogados em ações judiciais, o que não tem o mesmo peso.
Com R$ 32 bilhões sob gestão, a Verde Asset Management tem por trás Luis Stuhlberger, um dos maiores gestores de fundos de investimento do país e é respeitado como uma figura influente na indústria financeira brasileira.