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ThoughtWorks quer mais negros nas suas equipes. Foto: Divulgação.
A ThoughtWorks abriu um processo seletivo especial para contratar profissionais negros, batizado de Enegrecer Recrutamento Expresso, parte de uma campanha da companhia para ampliar a diversidade racial do time.
As inscrições vão até esta sexta-feira, 16. A empresa não revelou o total de vagas, apenas que há oportunidades para os quatro escritórios da consultoria no Brasil, localizados em Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife e São Paulo.
O processo de seleção consiste em algumas etapas virtuais e uma etapa presencial em Salvador, escolhida por ser a cidade brasileira com maior população negra, de acordo com o IBGE.
Em paralelo, a ThoughtWorks deve organizar um evento sobre com conversas e palestras de negros sobre tecnologia, diversidade e outros temas, organizados em parceria com uma ONG local.
"Lançar essa campanha é apenas o certo a se fazer para tentar reparar um dano histórico causado por quase 400 anos de escravidão no país", diz Juliana Oliveira, recrutadora da ThoughtWorks Brasil.
Essa é a primeira iniciativa focada em diversidade racial da ThoughtWorks Brasil e da ThoughtWorks Global e está sendo desenvolvida em parceria com o Quilombolas, grupo interno da consultoria formado por funcionários negros para discutir temas como igualdade racial e negritude.
Mesmo sem campanhas, o número de negros e pardos (uma classificação que tem algumas dificuldades práticas no Brasil) chega a 31,9% dos funcionários na ThoughtWorks.
Até agora, a ThoughtWorks Brasil vinha concentrando seus esforços na contratação de mulheres, obtendo resultados significativos.
A empresa tinha em outubro do ano ado 513 funcionários, dos quais 40% são mulheres.
Na área de desenvolvimento, tradicionalmente um feudo masculino, são 162 desenvolvedoras (36% do total, sendo que em 2013 o número não chegava a 20%).
Os esforços da ThoughtWorks não ficam só na contratação, ando também por toda uma política interna de recursos humanos.
Em janeiro, a empresa divulgou na Internet um “manual”, com algumas práticas internas feito com o apoio da ONG feminista Think Olga.
De acordo com o manual, de “tempos em tempos”, a empresa organiza a chamada “caminhada do privilégio”, na qual os funcionários são posicionados lado a lado, e, conforme ouvem as perguntas de um "facilitador" dão os a frente, caso identifiquem um "privilégio que detém" ou para trás caso identifiquem um "obstáculo ou dificuldade"
O manual também traz bastante ênfase na importância da linguagem usada na comunicação interna e externa da empresa, explicando como usar plurais no feminino, como uma forma de “neutralizar a linguagem”, uma vez que na língua portuguesa não existem alternativas neutras e o “gênero masculino é dominante em relação ao feminino”.
O texto traz algumas alternativas para formular frases sem utilizar o gênero masculino, como por exemplo trocar o termo desenvolvedores por “pessoas desenvolvedoras”, funcionários por “pessoas que trabalham na empresa”, executivos por “pessoas executivas” e assim por diante.
O posicionamento da ThoughtWorks pode ser considerado radical, mas tem termos gerais o assunto diversidade está em alta no setor de TI como um todo no país, principalmente entre multinacionais.
A SAP, por exemplo, uma empresa muito mais conservadora que a ThoughtWorks, entrou no ano ado na Coalizão Empresarial a favor da Equidade Racial e de Gênero, um movimento organizado pelo Instituto Ethos com o objetivo de aumentar a participação de mulheres e negros em cargos executivos de grandes empresas do país.
Até onde a reportagem pode averiguar, a SAP é a primeira empresa da área de TI a entrar na coalizão, que tem entre seus 30 integrantes pesos pesados da economia nacional como Bayer, BASF, MCDonald's, Coca-Cola, Carrefour e Via Varejo.
Em 2016, a empresa se tornou a primeira empresa multinacional de tecnologia no mundo a receber o Certificado Global de Igualdade de Gênero (Economic Dividends for Gender Equality – EDGE).
A empresa mantém grupos internos de funcionários como o Ethnicities@SAP, que estimula a inclusão de minorias étnicas; o grupo Pride@SAP, que é uma rede global de colaboradores da empresa que fazem parte ou apoiam a comunidade LGBTI; o Business Women's Network, uma rede de funcionários para acelerar a carreira das mulheres na área de TI; o SAP Autism at Work, projeto que tem como objetivo promover a inclusão de pessoas com autismo na empresa.