
Time feminino da ToughtWorks em Porto Alegre. Foto: divulgação.
A ThoughtWorks, multinacional de desenvolvimento de software com operações em Porto Alegre, São Paulo e Recife, pretende fechar o ano com 20% de mulheres na sua área técnica.
A meta representa um salto de cinco pontos percentuais sobre os 15% existentes hoje e mais um o na busca da meta global de ter uma equipe dividida meio a meio entre os sexos. A companhia tem 170 funcionários no Brasil.
Em qualquer outra área, pode parecer uma meta trivial ou até mesmo ultraada em relação ao que já acontece na prática.
No mercado de TI, um bastião masculino, atingir os números faz os responsáveis pelos recursos humanos da companhia suarem. Em nível mundial, a ThoughtWorks tem 27% de funcionárias na área técnica. Na Austrália, o número chega a 30% e metade dos funcionários júnior contratados são mulheres.
“Existe um estigma grande na área no sentido que as mulheres não tem a mesma capacidade para lógica, matemática, etc. Nós fazemos um esforço para que talentos femininos considerem a carreira”, explica Camila Tartari, Recruiting Lead da ThoughtWorks Brazil.
Camila enfatiza que para cumprir as metas de contratação de mulheres, a empresa não aceita profissionais júnior com menos conhecimento técnico que um colega homem ou se dispõe a pagar salários acima da média de mercado para candidatas mais sênior.
A estratégia se baseia em fazer um esforço maior para captar currículos de mulheres, através de patrocínio de eventos focados nesse público, como o Rails Girls ou o Encontro Nacional de Mulheres em Tecnologia.
Uma vez que consegue as profissionais, o próximo o da estratégia de RH da companhia é mantê-las na organização e fazer com que elas possam chegar a cargos de gerência ou se desenvolver na área técnica.
“Nós trabalhamos com os gestores homens para conscientizar eles sobre serem sensíveis às diferenças durante o coaching”, explica Camila. O objetivo é evitar um processo clube do bolinha, no qual homens promovem outros homens.
Hoje a presença de mulheres na empresa é concentrada nos escalões iniciais, mas dos oito dos chamados líderes - como são chamados os cargos de alta gestão - no país, dois já são mulheres. Em nível mundial, a proporção é parecida, com 15 homens para quatro mulheres.
As práticas de RH orientadas ao público feminino tem produzido resultados em termos de retenção de talentos mesmo em um mercado aquecido, aponta Camila. A média geral de retenção na empresa ano/ano é de 77%. Entre as mulheres, ela chega a 89%.
O esforço em aumentar a participação feminina no mercado é parte das metas sociais da ThoughtWorks, mas Camila acredita que o esforço produz um resultado também na produtividade da companhia e na satisfação dos funcionários como um todo.
“É difícil produzir uma métrica para identificar isso, mas parece que claro que pessoas com origens e experiências diferentes terão mais maneiras de responder a um problema dentro de um projeto”, analisa a gerente de RH.
A busca por equipes diversas não se dá somente em termos de sexos, mas também com um recrutamento em toda a América Latina para as vagas no Brasil. “Criamos um ambiente de trabalho muito mais interessante”, acredita Camila.