
Na fundação do Sindnet, representantes do Sindppd-RS foram barrados na porta. Foto: divulgação/Sindppd-RS.
O Sindppd-RS conseguiu uma nova vitória judicial na sua batalha para evitar a fundação de um novo sindicato de profissionais de TI no Rio Grande do Sul, o Sindnet.
No final de junho, Tribunal Regional do Trabalho decidiu por manter os efeitos de um mandato de segurança obtido pelo Sindppd-RS nas vésperas da fundação do sindicato rival, anulando as decisões tomadas na assembleia do Sindnet até o julgamento do mérito final do processo movido pelo Sindppd-RS.
O argumento do Sindppd-RS, que o Ministério Público do Trabalho está reconhecendo nessas liminares, é que o Sindnet-RS pretende representar uma base já representada pelo Sindppd-RS, e, por tanto, é ilegal.
O argumento dos fundadores do Sindnet-RS é que o sindicato atenderá a funcionários de empresas provedoras de Internet e de treinamento, excluindo explicitamente os trabalhadores de companhias da área de processamento de dados, que, por definição do próprio Sindppd-RS, constituem a sua base de representação.
O Sindnet-RS afirma que a os profissionais do ramo que ele pretende representar não tem representação na prática.
A formação do Sindnet-RS é liderada por Paulo Roberto Cornutti, um empregado da Bitcom de Caxias, que foi eleito em uma assembleia no final de fevereiro cujo efeito está suspenso pelo processo judicial movido pelo Sindppd-RS.
O que pode parecer uma discussão algo bizantina sobre o que é o setor de TI é na verdade mais uma instância de uma disputa nacional deflagrada pelo o crescimento de uma linha de sindicatos ideologicamente mais centristas e inclinados a uma relação menos conflituosa com os empresários.
Caso venha a ser fundado, o Sindtel-RS será afiliado à Federação Interestadual de Trabalhadores em Tecnologia da Informação (FEITTINF), que por sua vez é ligada à Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB). As duas entidades são lideradas por Antonio Neto, presidente do poderoso sindicato paulista Sindpd.
O onipresente paulista foi recomendado pelo ex-presidente Lula nas últimas eleições do sindicato paulista. A linha da CSB é moderada com referências a uma ideologia “varguista” de “defesa dos direitos dos trabalhadores”.
O Sindpd defendeu publicamente a desoneração da folha de pagamentos da área de TI e o sindicato divulgou notas dizendo que funcionários CLT eram “mais produtivos” que PJs e afirmando que o problema de falta de mão de obra era salarial. Por sua parte, em entrevista ao Baguete, Vera Guasso se posicionou a favor de uma semana de trabalho de 30 horas.
A linha ideológica de Neto e do Sindpd causa urticária no Sindppd-RS, que é filiado à Conlutas, uma organização que não tem status sindical é composta por uma série de movimentos radicais de esquerda, com proeminência ideológica do PSOL e do PSTU, partido pelo qual Vera Guasso já foi candidata à prefeitura de Porto Alegre em diferentes ocasiões.
Caso seja criado, o Sindnet-RS arrecadará contribuições sindicais que ajudarão a financiar a FEITTINF – que já tem seis sindicatos da área de TI filiados.
Hoje, o Sindppd-RS representa uma base estimada em de 20 mil empregados, dos quais cerca de mil pagam mensalidades e o restante o imposto sindical obrigatório.