
Mariovane Gottfried Weis.
Está em curso uma nova tentativa de formar um sindicato focado nos profissionais de provedores de o de internet, serviços de cloud computing e outros negócios relacionados no Rio Grande do Sul.
No começo do mês, foi publicado no Diário Oficial o edital de convocação para a assembleia de formação do Sindicato dos Trabalhadores e Empregados nas Empresas de Provedores de Internet do Estado do Rio Grande do Sul (Sindpirgs-RS) com data marcada para 3 de outubro no Hotel Dom Rafael, em Santa Maria, no interior do estado.
Esta é a segunda tentativa nesse sentido feita no Rio Grande do Sul. No começo do ano ado, foi fundado o Sindnet-RS, visando representar os mesmos profissionais.
A criação do novo sindicato foi combatida judicialmente pelo Sindppd-RS, sindicato que atualmente representa todos os profissionais de TI do estado, em uma disputa na qual o Sindppd-RS obteve sucessivas vitórias até o momento, mas segue em aberto.
A convocação para a primeira reunião do Sindpirgs-RS é assinada por Mariovane Gottfried Weis, ex-prefeito de São Borja, município de 61 mil habitantes à quase 600 km de Porto Alegre, na fronteira com a Argentina.
Weis teve uma agem atribulada como prefeito, na qual teve o afastamento pedido pelo Ministério Público por mau uso de verba pública, em um processo que ainda corre.
Procurado pelo Baguete Diário, o político ligado ao PDT diz ter abandonado a política e se mudado para Santa Maria, onde trabalha na área comercial de um provedor de o a Internet.
Weis foi presidente da Famurgs, associação de municípios do Rio Grande do Sul, o que em tese dá a ele contatos junto a um público potencial dos serviços de um provedor de Internet por rádio, por exemplo. O ex-prefeito preferiu não revelar qual é a empresa na qual está trabalhando.
“Pela minha trajetória eu tenho experiência na fundação de sindicatos e associações”, explica Weis, afirmando que região de Santa Maria tem pelo menos 10 empresas que se enquadram no perfil de funcionário que o Sindpirgs-RS pretende representar.
Weis afirma não conhecer os profissionais que tentaram fundar o Sindnet-RS, liderados por Paulo Roberto Cornutti, um empregado da Bitcom de Caxias do Sul.
Em nota publicada em seu site, o Sindppd-RS afirma que o Sindpirgs-RS é um Sindnet-RS “repaginado” e é uma fachada de “representantes dos empresários”.
O Sindnet chegou a divulgar que seria afiliado à Federação Interestadual de Trabalhadores em Tecnologia da Informação (FEITTINF), que por sua vez é ligada à Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB). As duas entidades são lideradas por Antonio Neto, presidente do poderoso sindicato paulista Sindpd.
Weis diz que não está decidido a que federação o novo sindicato, se fundado, poderá vir a se filiar. O ex-prefeito diz "enfrentar dificuldades" para reunir os 23 nomes necessários para fundar uma organização sindical. O Baguete procurou a FEITTINF, que negou estar por trás da criação do Sindpirgs-RS e disse que a discussão para a criação do Sindnet-RS continua.
A criação de novos sindicatos é parte de uma disputa maior entre “players” mais moderados e radicais no meio sindical. No caso dos funcionários dos provedores de internet, já existem sindicatos similares em São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Paraná e Minas Gerais, todos filiados à FEITTINF.
Antonio Neto lidera há duas décadas o poderoso sindicato paulista Sindpd. O sindicalista foi recomendado pelo ex-presidente Lula nas últimas eleições do sindicato paulista.
A linha da CSB é moderada com referências a uma ideologia “varguista” de “defesa dos direitos dos trabalhadores”.
O Sindpd defendeu publicamente a desoneração da folha de pagamentos da área de TI e o sindicato divulgou posicionamentos com uma lógica "business friendly", incluindo dizer que funcionários CLT eram “mais produtivos” que PJs.
A linha ideológica de Neto e do Sindpd causa urticária no Sindppd-RS, que é filiado à Conlutas, uma organização que não tem status sindical é composta por uma série de movimentos radicais de esquerda, com proeminência ideológica do PSOL e do PSTU.
Vera Guasso, presidente do Sindppd-RS, já foi candidata pelo PSTU a diversos cargos, incluindo prefeitura de Porto Alegre. Nas eleições atuais, concorre a deputada federal. A sede do Sindppd-RS chegou a ser usada para debater a estratégia dos protestos em junho na capital, com a participação de integrantes dos chamados black blocks.
Caso seja criado e efetivamente filiado à FEITTINF, além de diminuir o poder de negociação do Sindppd-RS com o Seprorgs, por diminuir sua base de filiados, o novo sindicato arrecadará contribuições sindicais que ajudarão a financiar a FEITTINF – que já tem seis sindicatos da área de TI filiados.
Hoje, o Sindppd-RS representa uma base estimada em de 20 mil empregados, dos quais cerca de mil pagam mensalidades e o restante o imposto sindical obrigatório. Fontes ouvidas pelo Baguete falam que orçamento anual do sindicato está na casa dos “milhões de reais”.