
Mário Sebben, presidente do grupo Datasys e ex-presidente do Seprorgs, publicou um artigo no Baguete Diário nesta segunda-feira, 24, com críticas à política do governo federal de estimular a adoção de software de gestão livres na istração pública.
O empresário afirma que open source é uma alternativa vantajosa no caso de “programas de uso mais simples, como planilhas ou editores de texto”, mas no caso dos ERPs, acabam por “custar mais caro, especialmente nos ganhos em produtividade e eficiência proporcionados pela informática”.
“O que a experiência comprova é que os gastos extrapolam e o software permanece defasado e inoperante, o que resulta na má qualidade da gestão, no descumprimento de obrigações legais e, sobretudo, na ineficiência dos serviços prestados à população”, fuzila Sebben no artigo que pode ser lido na íntegra pelo link relacionado abaixo.
O ex-presidente do Seprorgs critica a ênfase em baixos custos como vantagem do software livre no Portal do Software Público Brasileiro, um repositório de soluções open source mantido pelo governo brasileiro desde 2007 e atualmente com 52 programas disponíveis, 110 mil usuários, 500 prestadores de serviço cadastrados.
O empresário, um dos donos da Duetto, companhia especializada em sistemas de informática proprietários usados em 160 municípios gaúchos, já havia afirmado publicamente suas posições durante um debate sobre o tema realizado durante o Rio Info 2011, que aconteceu no Rio de Janeiro no final de setembro.
Junto com o Gérson Schimitt da Abes, Sebben foi o lado pró-software proprietário na mesa, contraposto a Corinto Meffe, um dos responsáveis pelo Portal do Software Público no Ministério do Planejamento, uma representante da Abep, entidade que reúne estatais de processamento de dados e apoia o projeto e Paulo Ricardo da Silva, diretor da DBSeller, concorrente da Duetto que abriu sua solução no portal em 2009.
“Empresas que revendem software proprietário aram a demandar o e-cidade pela liberdade de customizar e usufruir da solução, não ficam mais reféns da empresa que tem a propriedade da licença”, afirmou Silva.
O empresário destacou os benefícios para a DBSeller em abrir sua solução no Portal do Software Público, dizendo que a empresa triplicou seu faturamento desde então. “Vamos ganhar mercado juntos e não dividi-lo”, afirmou Silva a Sebben.
Governo é metade do mercado open source
A participação de soluções open source no mercado brasileiro em 2010 foi de 2,95%. Dos US$ 563 milhões movimentados pelo software livre, 66% correspondem a gastos do governo.
Os números fazem parte da 7ª edição do estudo “Mercado Brasileiro de Software – Panorama e Tendências”, realizado pela IDC e divulgado pela Abes em junho. É a primeira vez que o levantamento inclui cifras ligadas ao tema.
“A iniciativa privada não investe em software livre no Brasil. O empresariado não investe em algo que não seja produtivo”, disparou na época o presidente da entidade, Gerson Schmitt.
A Abes reúne empresas baseadas no modelo de software proprietário e tem entre suas metas a redução da pirataria no Brasil. O relatório não está disponível na íntegra no site da entidade.
De acordo com Schmitt, “o modelo de software livre não produz inovação, demanda mais mão-de-obra, remunera menos toda a cadeia produtiva, não é autossustentável e seria praticamente inexistente sem o governo como seu protagonista”.
Segundo round
Não é a primeira vez que entidades empresariais de TI criticam a iniciativa do portal governamental.
Em 2009, Roberto Carlos Mayer, então presidente da Assespro-SP e Luís Mário Luchetta, um dos vice presidentes da Assespro Nacional, criticaram os critérios para inclusão do ERP para prefeituras da gaúcha DBSeller no Portal do Software Público em artigo no Baguete.
Portal avança
Os protestos de entidades empresariais não tem impedido o avanço do Portal do Software Público.
Segundo dados dos organizadores, já existem 63 casos de sucessos de municípios que informaram uso dos softwares disponíveis no site, coordenado pela secretaria de Logística e Tecnologia da Informação-SLTI do Ministério do Planejamento.
No final de agosto, estatais de processamento de dados representados pela entidade nacional Abep, presidida pelo gaúcho Carlson Aquistae, presidente da Procergs, am um acordo de cooperação técnica com validade até 2016 para estimular a adoção das soluções disponíveis no portal.
Um evento em Brasília sobre o assunto espera reunir 2 mil participantes a partir desta terça-feira, 25.