
A gaúcha DBSeller quer aumentar em pelo menos 75% o seu faturamento em 2011.
O impulso para a escalada vem do software livre e-Cidades, solução de gestão que, desde a disponibilização no Portal do Software Público, em 2009, elevou o faturamento em 40%, rendeu 10 novos clientes e atuação em sete estados diferentes.
Na garupa do Linux
Entre os novos mercados estão Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Rondônia, Pará e Rio de Janeiro, onde um escritório comercial será aberto até julho.
Todo o crescimento, explica Paulo Ricardo da Silva, diretor da companhia, se baseia em software livre.
“Com ele começamos a estender nossa participação em mercados distantes, onde para chegar teríamos que criar parcerias comerciais ou escritórios próprios, com altos investimentos”, diz Silva.
Já com o e-Cidades aberto, a demanda veio atrás do serviço, resume o diretor.
No portal do Software Público, as soluções podem ser baixadas gratuitamente por empresas ou municípios que, segundo Silva, começaram a analisar a ferramenta e buscaram a DBSeller para se especializarem e oferecerem o programa em suas regiões.
Além das migalhas
Voltado para a istração pública, o e-Cidades oferece módulos de gestão contábil, tributária e financeira.
O sistema começou a ser desenvolvido pela DBSeller em 2002, iniciando a comercialização em 2004, com a oferta a municípios gaúchos.
Em 2009, diz Silva, a empresa resolveu “parar de brigar por migalhas” e abriu o programa.
Agora, diz Silva, além de oferecer e implementar o software, a DBSeler trabalha com o treinamento de empresas no e-Cidades em vários lugares do país.
Pequena Uiramutã
Um dos municípios onde o e-Cidades chegou foi a cidade de Uiramutã (RR), de pouco mais de oito mil habitantes e PIB per capita de R$ 6 mil, segundo o IBGE.
“Lá chegamos com uma parceria de Minas Gerais, que implementou o programa”, diz Silva.
O executivo reconhece que dificilmente a empresa chegaria a esse mercado caso trabalhasse no formato proprietário.
Iniciativas de modernização da istração em pequenas cidades por parte do executivo estadual também ajudam, como revela Silva.
“Escolhemos o Rio, por exemplo, porque é perto de Minas e de São Paulo, onde já atuamos, e também porque o governo do estado está incentivando a implementação do software”.
Sem medo de inimigo na trincheira
Conforme o diretor, o modelo rompe com o tradicional formato de comercialização de soluções, em que as empresas vendem soluções e implementações.
No e-Cidades, a implementação pode ser feita por qualquer empresa qualificada, sem prejuízo ou necessidade de troca do sistema ou de dados, uma vez que não há uma licença para o uso do programa.
“Esse é um dos motivos pelos quais trocar software em prefeitura é tão desagradável. As empresas são contratadas, não trabalham direito, e quando a prefeitura quer trocar, tem que fazer uma nova licitação e mudar tudo”, opina.
De acordo com a consultoria IDC, o mercado mundial de programas de código aberto crescerá anualmente 22,4% até 2013. A DBSeller quer pegar carona no avanço.
“É um modelo muito promissor. “A gente entende que na verdade nem tudo é faturamento direto e sim o recebimento dessa contribuição da comunidade. E fica todo mundo independente. Tenho empresas que eram representantes de softwares proprietários e agora estão buscando o livre”, finaliza Silva.
Hoje, a DBSeller conta com 25 clientes, e atua em oito estados.
A empresa não revela o valor do seu faturamento. São 43 funcionários, 13 deles contratados nos últimos dois anos. Outros sete devem integrar a equipe carioca, a partir do segundo semestre.