
É hora da Qualtrics seguir o seu rumo. Foto: Depositphotos.
A SAP vendeu as ações que ainda tinha na Qualtrics, dona de uma solução na nuvem para controle de clima organizacional comprada em 2018 pela bolada de US$ 8 bilhões.
A multinacional alemã até saiu no lucro no final das contas. Os fundos Silver Lake e Canada Pension Plan Investment Board pagaram US$ 7,7 bilhões pelos 71% que a SAP ainda tinha.
Os outros 29% já tinham sido vendidos na bolsa de valores pela própria SAP no ano ado, quando as ações de tecnologia estavam bombando.
Segundo o banco UBS, a SAP acabou tendo um lucro de € 2 bilhões na operação, que deve ficar entre os maiores negócios de 2022, um ano marcado pela retração nos mercados de capitais quando o assunto é tecnologia.
Mas isso é só uma forma de ver o assunto Qualtrics, uma compra que foi criticada pelo seu alto valor e pela pouca aderência ao core business de gestão empresarial da SAP.
O então CEO da SAP, Bill McDermott, anunciou a compra da Qualtrics em 2018 com fanfarra. A avaliação era que a plataforma de “gerenciamento de experiência” poderia ser o começo de uma nova vertical dentro da empresa.
Na prática, Qualtrics oferece um conjunto de ferramentas para medição de clima organizacional e percepção de clientes sobre marcas e produtos, com pesquisas, análise de conteúdo na Internet e outras fontes de .
Dificilmente algo tão revolucionário e nem tão fácil de integrar com outros produtos da SAP, que são focados em controles de processos de gestão. Para completar, a Qualtrics dava prejuízo (US$ 1 bilhão em 2021, com um faturamento de US$ 1,46 bilhão).
Em 2019, um novo CEO assumiu a SAP, e a empresa começou a revisar a estratégia de compras dos anos liderados por McDermott.
Hasso Plattner, um dos fundadores e uma figura influente na multinacional disse abertamente que foi um erro comprar tantas empresas de cloud por tanto dinheiro, fazendo tão pouca integração na prática.
Em termos de base de clientes, o período sob a SAP foi bom para a Qualtrics, que quase dobrou sua base de clientes, saltando de 10 mil para 18 mil.
Parte disso é mérito do time comercial da SAP, que começou a fazer vendas do produto em países no qual ele tinha pouca presença, como o Brasil, onde a base de clientes da Qualtrics era de 40 empresas antes da compra, incluindo nomes como Fast Shop, Mercedes-Benz e Serasa.
Não se sabe quantos clientes a SAP agregou para a base desde então, mas a lista tem grandes nomes como Alpargata e Ipiranga. Como segue a operação da Qualtrics daqui para frente no país, está em aberto. Uma pesquisa no Linkedin mostra 50 funcionários na operação brasileira da Qualtrics, o que é uma cifra respeitável para uma linha de produto da SAP.
Nos últimos tempos, a Qualtrics já vinha fechando parcerias com empresas como a ServiceNow, especializada em controle de workflows (por coincidência, o novo lar de Bill McDermott) ou a Genesis, uma empresa chave no nicho de center, ambas com presença no Brasil.