Migrar para o S/4 Hana não está na lista de tarefas imediatas dos clientes. Foto: Pexels.
Os clientes da SAP estão enrolando sua migração para o S/4 Hana, última versão do software de gestão da multinacional alemã, lançado ainda em 2015.
De acordo com uma pesquisa do grupo de usuários SAP na Irlanda e Reino Unido com 467 empresas integrantes da associação, 58% delas não pretende fazer o upgrade nos próximos dois anos. Outros 27% não devem fazê-lo nem mesmo em três.
Só 13% projetavam uma migração em 2020. A principal razão apontada para protelar a migração foi custo, com 42% e as mudanças internas necessárias para executar o projeto, com 34%.
A situação é um problema para a SAP, na medida em que as datas se aproximam cada vez mais do fim do e para o Business Suite 7, a versão anterior do ERP da empresa, programado para 2025.
O planejamento revelado pela pesquisa do grupo de usuários SAP mostra que a perspectiva de ter que pagar por e mais caro e as vantagens do produto S/4 Hana, que roda em um banco de dados em memória com mais velocidade, e, de acordo com a SAP, menor custo de propriedade, não estão convencendo as empresas a fazer a migração.
A situação já foi apontada por um estudo da Information Services Group (ISG), empresa global de pesquisa e consultoria em tecnologia, sobre o status do S/4 Hana no Brasil.
De acordo com a ISG, as maiores empresas do país estão demorando para fazer a migração dos seus sistemas da SAP para o S/4 Hana fazendo uma aposta silenciosa que o e das versões antigas será prorrogado para além de 2025.
O relatório afirma que muitas empresas no país compram novas licenças SAP S/4 Hana para “permanecer em conformidade com os termos de licenciamento”, mas “não tem planos para atualizar seus sistemas antigos de momento”.
A razão da espera é que as empresas estão “aguardando novos benefícios da SAP ou estão apostando veladamente em uma mudança na data de 2025 para o fim do e”.
A SAP não está parada e tem feito movimentações para tornar a migração para S/4 mais atrativa.
Em outubro, a empresa lançou um framework para facilitar o trabalho dos parceiros implementando o S/4 Hana.
Batizada de SAP Integrated Delivery Framework a novidade deve ajudar a “alinhar funções, metodologia e cronogramas de entrega entre a SAP e seus parceiros” visando garantir “que os clientes colham rapidamente os benefícios”.
Ainda em 2016, a empresa lançou o SAP Value Assurance, um modelo de contração de implementação do sistema de gestão com quatro níveis, com envolvimentos diferentes da SAP e de parceiros selecionados.
Os “pacotes de serviços” são uma maneira da SAP organizar o seu nível de envolvimento nos projetos de migração para o S/4, que podem ir desde a validação dos blueprints até a execução total, ando pelos estágios intermediários de implementação técnica, migração de dados e implantação funcional.
O problema é que os clientes tem indicativos de que a SAP pode não bancar a promessa de encerrar o e em 2025.
Em janeiro de 2018, por exemplo, a SAP anunciou o lançamento de uma nova versão do seu sistema de RH on premise em 2023.
Com isso, a empresa alongou os prazos de e do sistema on premise de 2025 até 2030.
A virada mostra que a empresa desistiu de colocar as fichas na estratégia de descontinuar o HCM e levar os clientes a migrar para o Sucess Factors, solução de recursos humanos na nuvem adquirida no final de 2011 por US$ 3,4 bilhões.
A SAP também disse que “maioria das inovações” na área de recursos humanos será entregue no Success Factors, mas esse é um argumento bem menos forte para justificar uma migração do que o fim do tradicional produto HCM.
É uma versão em pequena escala do que os clientes esperam que aconteça agora com o S/4, no qual uma migração é um assunto muito mais complexo.