
Aod Cunha.
O Rio Grande do Sul perdeu a chance de solucionar seus problemas sozinho e agora os problemas do estado dependem da solução de dilemas em nível nacional, com o quadro gaúcho podendo se agravar no curto prazo.
O diagnóstico é do ex-secretário da Fazenda do estado, Aod Cunha, que ficou conhecido como o homem por trás da política de “defict zero”, um esforço drástico para equacionar arrecadação e gastos realizado durante o governo Yeda Crusius (PSDB).
“É preciso terminar com a ideia que o estado pode tudo: aumentar salários, incentivos para setores da economia, aposentadorias precoces”, criticou Cunha, que falou no Tá na Mesa da Federasul nesta quarta-feira, 03.
De acordo com Cunha, a solução da situação de crise fiscal gaúcha a pela aprovação de uma reforma da Previdência que não só aumente a idade mínima, como tenha uma regra de transição exigente para os que estão às vésperas de se retirar e também elimine regimes especiais.
Enquanto isso não acontece, a situação no Rio Grande no Sul não deve melhorar e pode inclusive se agravar, com salários atrasados no funcionalismo e as previsíveis consequências para o serviço público, aponta Cunha.
“Muita gente se refugia dos problemas de saúde e educação pagando por esses serviços. Agora a crise já chegou na segurança pública e não dá mais para escapar”, comenta Cunha.
Nesta quinta, 04, a população aguarda as consequências de uma paralisação branca anunciada pela polícia gaúcha em resposta ao parcelamento dos salários, a segunda desse tipo nos últimos dois anos.
Cunha, que está em um período contratual de afastamento do mercado financeiro depois de sair do BTG Pactual, fez um diagnóstico mais amplo dos problemas do Brasil e do Rio Grande do Sul, tendo que ver com a “infantilidade da sociedade”.
“A sociedade foi conivente com o que aconteceu. É preciso acabar com a ideia de que existe um governo eleito e a resposta para os problemas é responsabilidade somente dele”, conclui Cunha.