Para quem não sabe, isso é um pager. Foto: Depositphotos.
Os pagers que explodiram no Líbano, causando 11 mortos e milhares de feridos entre os integrantes do Hezbollah, tinham uma carga de 50 gramas de explosivos.
É o que apontam fontes do governo americano ouvidas pelo New York Times, segundo as quais os equipamentos foram alterados antes da entrega.
A fabricante é a Golden Apollo, uma pequena empresa de Taiwan especializada em pagers, uma forma de comunicação popular nos anos 80 e hoje usada apenas em mercados de nicho.
Nesta quarta-feira, 18, um dia depois do ataque, o dono da Golden Apollo disse que o pedido em questão foi entregue pela BAC, uma empresa da Hungria que tinha licenciado a tecnologia da taiwanesa.
De acordo com a Golden Apollo, a BAC tinha autorização para vendas no Oriente Médio, de onde vinham seus pagamentos.
(Os leitores do Baguete certamente não deixarão de notar que uma das operações militares mais ousadas dos últimos tempos foi baseada em algo tão antigo como distribuidoras de tecnologia com operações opacas).
Segundo as fontes ouvidas pelo NYT, os pagers explodiram depois de receber uma mensagem falsa, aparentando ser da liderança da organização.
Em redes sociais, circulam vídeos que mostram como os aparelhos explodem no bolso de pessoas em todo tipo de lugar. As últimas notícias apontam para 3 mil feridos, algumas centenas deles em estado grave.
O Hezbollah acusa Israel de estar por trás do ataque, o que faz bastante sentido, visto que o grupo militar financiado pelo Irã está em conflito aberto com o país há alguns meses. Israel não comenta o assunto, como costuma fazer.
Horas depois do ataque, especialistas em cibersegurança já tinham descartado a hipótese de que as explosões pudessem ter sido geradas sem a introdução de explosivos nos equipamentos.
O Hezbollah migrou para um sistema de comunicações baseado em pagers no começo do ano, depois que a liderança do grupo decidiu que telefones celulares não eram seguros o suficiente.
As fontes do NYT afirmam que o grupo comprou 3 mil equipamentos do tipo, distribuídos para integrantes e aliados no Líbano, Irã e Síria. Ontem explodiram os que estavam ligados naquele momento.
Agora, o Hezbollah precisa lidar com um grande número de integrantes fora de combate, ao mesmo tempo em que não dispõe mais de um sistema de comunicações funcional.
Os pagers, para quem não lembra, eram pequenos dispositivos que permitiam receber mensagens curtas, uma tecnologia que teve seu auge nos anos 80.
Com a chegada dos primeiros celulares na década de 90 os pagers foram perdendo espaço, sendo usados hoje apenas em nichos, como médicos de plantão e outros serviços de emergência.
Um pager pesa normalmente entre 100 e 150 gramas e o equipamento se destaca pela confiabilidade na recepção das mensagens e a longa duração da bateria.
Maurício Renner 1r206e
Editor at Baguete Diário