Tamanho da fonte: -A+A f3m3k

Roosevelt Nascimento, gerente geral de produtos digitais do UOL. Foto: Reprodução-Youtube/OpenstackBrasil.
Por Roosevelt Nascimento*
Estamos longe de ter um mercado maduro de Cloud, mas o ritmo de adoção está acelerando e o mercado está cada vez mais concentrado em quatro tipos de nuvem: Amazon AWS, Azure da Microsoft, Google Cloud Platform e Openstack. Este último é o único opensource na disputa, com apoio de várias empresas como Intel, Rackspace, IBM, etc.
Recentemente, os principais players divulgaram os resultados do Q2/2017, e podemos ver um crescimento da Microsoft e a liderança absoluta da Amazon, como de costume.
Interessante projetar o ritmo da AWS em Q2 e ver que este é um negócio de US$16bi de faturamento anual. Nada mal para uma linha de receita diferente do business principal dela.
De acordo com a pesquisa realizada pela Canalys este ano, a Amazon AWS tem 31,3% da fatia de mercado, seguido por 12,3% da Microsoft e 5,8% do Google.
Para ser referência neste novo momento tecnológico, as três gigantes do setor estão investindo pesado.
A Microsoft tem se apoiado na capilaridade da rede de parceiros, que juntos totalizam mais de 64 mil ao redor do mundo. Isso ficou evidente no keynote do Satya Nadella (CEO), em que afirma que toda experiência deve ser: multidispositiva, com aprendizado automático (machine learning - ML) e com inteligência artificial (artificial intelligence - AI). Por trás dessa frase, está a afirmação que mais do que nunca, as empresas precisam estar na nuvem para poderem usufruir das novas tecnologias.
Na Amazon, por sua vez, há rumores de duas grandes mudanças que invertem completamente a lógica até então adotada. A primeira grande mudança é um possível acordo com a VMWare, sua arqui-inimiga na gestão de infraestrutura on-premise. A VMWare é dominante absoluta no mercado de datacenter.
Este movimento da Amazon me parece uma resposta à Microsoft, para sua versão privada de nuvem chamada Azure Stack, prevista para lançamento público em setembro deste ano. Esta versão já estava disponível para testes e validação, mas agora vai para prateleira, literalmente.
Se isso se concretizar, será o primeiro grande o em termos de esforços, para entrar nos datacenters corporativo. Pode ainda sinalizar que a VMWare está “jogando a toalha”, depois de tanto tempo brigando contra os cloud públicos como a AWS, Microsoft e Google. Vale lembrar que esse tipo de acordo está sendo ventilado há mais de quatro anos e sempre a VMWare se recusou a trabalhar em conjunto.
É claro que a VMWare nega, porém agora parece que vai acontecer. Segundo afirmação de ex-executivo da empresa para o site de notícia The Information, "A Amazon vem tentando conquistar os clientes corporativos da VMware há anos. A única coisa que mudou é que a VMware agora está ajudando a fazê-lo". Vale lembrar que a VMWare tentou se aventurar no cloud público com seu vCloud Air, mas sem grande adoção da comunidade acabou sendo vendida para a empresa sa OVH.
Curiosamente, uma das fundadoras da VMWare, Diane Greene, agora é chefe da divisão de cloud do Google. E a Amazon começou a se aproximar do Google, mas por um fator interessante. Se até pouco tempo atrás eles se gabavam de fazer tudo in house e ignoravam produtos oferecidos por rivais, isso parece que está mudando. A AWS está considerando desenvolver alguns serviços baseados em Kubernets, que é um software co-criado e promovido pelo Google, que ganhou simpatia entre os desenvolvedores e a a despontar como nova forma de desenvolvimento e gestão de aplicações, principalmente para aplicações de inteligência artificial, o que remete à frase do Sundar Pichai, CEO do Google, “AI First”.
Não é que a AWS não a Kubernetes, mas os desenvolvedores têm mais flexibilidade e autonomia na nuvem do Google, no momento que a Amazon começa a perder clientes aos poucos. E é com essa tecnologia que o Google quer dominar o mercado de cloud e inteligência artificial.
E o grande rumor atual no mercado é que o Google vai entrar de vez na disputa do mercado corporativo com o projeto “Goodzila”, em parceria com a Cisco. Goodzilla é uma mudança significativa para o Google, pois até então não tinha os datacenters corporativos como alvo comercial. As empresas ainda negam o acordo. Esse é mais um exemplo recente de uma empresa tradicional que opera dentro de datacenters privados se alinhando com fornecedores de nuvem, para modernizar softwares e infraestrutura para ajudar na transformação digital – leia-se aqui: migração para cloud.
Muita coisa ainda está acontecendo no mercado de cloud, entretanto, parece claramente que persiste um grande esforço em levar as empresas para nuvem, pública ou privada. Uma vez na nuvem, o foco deve ser em inteligência artificial e tecnologias cognitivas. E o mais importante: ainda não há um dominante no setor e tudo pode mudar rapidamente.
*Roosevelt Nascimento é gerente geral de produtos digitais do UOL.