
Marcos Mazoni, ainda durante seu tempo no Serpro. Foto: Elza Fiúza/ABr.
Marcos Mazoni, presidente do Serpro entre 2007 e 2018, acaba de ser nomeado novo diretor de Tecnologia da Informação do IBGE.
A nomeação de Mazoni foi publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira, 17.
Mazoni entra no lugar de Carlos Renato Pereira Cotovio, um funcionário de carreira do BNDES que comandou a TI da IBGE durante a realização do último censo.
Realizado de 10 em 10 anos, o censo é uma das principais atividades do IBGE e demanda um investimento bilionário, incluindo uma infraestrutura de TI de ponta.
Com o censo já realizado, Mazoni deve focar na organização dos bancos de dados como um instrumento de elaboração de políticas públicas.
Outra possibilidade é trabalhar junto a startups com tecnologia voltada para a área de governo, as chamadas govtechs, na criação de aplicações com base nos dados.
Mazoni é um quadro clássico do PT na área de tecnologia. Antes de assumir o Serpro, em 2007, ele foi diretor da estatal paranaense de tecnologia Celepar entre 2003 e 2006 e da gaúcha Procergs entre 1999 e 2002.
(Vale lembrar que o atual presidente do IBGE, Marcio Pochmann, é um professor da Unicamp que pertence a outra ala da ortodoxia da esquerda brasileira, focada na economia).
Em ambas estatais estaduais e no Serpro, Mazoni foi um defensor do que era então a abordagem ortodoxa de tecnologia do PT, com muito incentivo à adoção de open source e desenvolvimento de soluções internamente no governo.
Era o mundo que costumava se encontrar no Fórum de Software Livre em Porto Alegre, no qual Mazoni era sempre um dos principais palestrantes.
O mundo, porém, fez uma curva. Mazoni e a diretoria inteira do Serpro foram demitidas em 2016, em um dos primeiros atos do novo presidente Michel Temer (PMDB), para quem a estatal estava politicamente aparelhada.
Com uma queda grande patrocínios nos anos seguintes, o Fórum de Software Livre acabou em 2019, depois de 18 edições.
O governo federal já vinha se afastando da doutrina clássica de TI do PT durante a istração de Dilma Rousseff, uma virada consolidada hoje, no qual o próprio tenta se posicionar como um intermediário de grandes empresas como AWS e Microsoft, entre outros grandes players de nuvem.
Não se sabe como Mazoni vai se encaixar nesse novo mundo. Nos últimos anos, o profissional esteve fora do radar.
A última notícia encontrada sobre Mazoni pela reportagem do Baguete é que ele assumiu como secretário na Secretaria de Desenvolvimento, Inovação, Emprego e Renda da Prefeitura da cidade de Rio Grande, um porto importante no Rio Grande do Sul, em 2017, quando do novo governo de Alexandre Lindenmeyer (PT).