
Bundestag, a sede do Parlamento alemão. Foto: Depositphotos.
A Alemanha vai obrigar os três grandes fornecedores de telefonia móvel do país a retirar total ou parcialmente equipamentos das chinesas Huawei e ZTE das suas redes.
Segundo informações do Handelsblatt, o maior jornal de economia da Alemanha, o governo disse para a Deutsche Telekom, Vodafone e Telefónica Deutschland retirarem nos próximos três anos todo o equipamento dos chineses instalado ao redor das cidades de Berlim, no leste do país, e em Colônia e Bonn, no oeste.
Apesar de Berlim ser novamente a capital, a sede do Parlamento desde 1990 e de vários ministérios, a antiga capital da Alemanha Ocidental e a cidade vizinha de Colônia ainda concentram alguns ministérios e órgãos públicos importantes.
A região metropolitana de Berlim tem cerca de 3,6 milhões de habitantes, enquanto a área entre Colônia e Bonn soma outros 3 milhões.
De acordo com o Handelsblatt, o Ministério do Interior da Alemanha, responsável pela segurança interna do país, fez uma prova de segurança dos equipamentos em março.
Segundo essa avaliação, as operadoras teriam uma “notável dependência estrutural” da Huawei e ZTE, o que estaria em “contradição notória com a estratégia de segurança nacional” e deveria ser solucionado o mais rápido possível.
Além da retirada total nos pontos estratégicos para o governo, a Alemanha também determinou que em todo o país a quantidade de componentes oriundos de fabricantes chineses não poderá ar de 25%. Hoje em dia ela fica entre 50% e 60%.
Assim como outros países, incluindo o Brasil, a Alemanha esteve anos sob pressão dos Estados Unidos para boicotar fabricantes chineses na sua rede 5G, sob alegação de que eles representam um risco de segurança.
A acusação sempre foi negada pelos chineses e rebatida por críticos como uma forma dos Estados Unidos promoverem suas próprias empresas como fornecedores para uma infraestrutura crítica de custo bilionário.
No começo do governo Bolsonaro, quando a influência de Olavo de Carvalho e a paixão por Donald Trump atingiram seu ápice, pareceu por um momento que o Brasil poderia proibir os produtos da Huawei no 5G.
Mas a Huawei reagiu, com medidas de impacto como colocar o ex-presidente Michel Temer à frente do seu lobby (o Google também contratou Temer) e Ivete Sangalo como garota propaganda no país.
Já no governo Bolsonaro, o assunto banimento saiu da pauta. O novo governo Lula consolidou a posição, com direito a uma visita presencial na sede da Huawei na China.
Ao que tudo indica, o Brasil vai se tornar um mercado chave para a Huawei. Segundo a própria empresa, 46% da infraestrutura de telecomunicações do país usa tecnologia da Huawei.
No 5G, uma nova tecnologia que redefine a infraestrutura de telecom, o domínio é ainda maior.
Em uma apresentação recente, a Huawei abriu que das cerca de 10 mil estações rádiobase feitas exclusivamente para ar o 5G (o que se chama no jargão de “standalone”), 100% dos cores de rede são da Huawei.
Elas são hoje só 10% do total de estações, mas a tendência natural é que o número aumente muito.