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O Itaú Unibanco está estudando e testando o uso de ferramentas de inteligência artificial generativa, com recursos parecidos com os do ChatGPT.
De acordo com o site NeoFeed, um dos projetos já utiliza a IA na leitura, interpretação e classificação de 100% dos processos na área jurídica do banco. O volume mensal é de aproximadamente 70 mil documentos e a assertividade na leitura supera os 99%.
“Lembrando que esses documentos não são estruturados. Cada advogado escreve a sua petição do jeito que quer”, pontuou José Vita, head de jurídico, ESG e assuntos corporativos do Itaú, à publicação.
O próximo o deve ser a leitura e interpretação de sentenças, que já estão na faixa de 7 mil por mês.
“Com isso, conseguimos antecipar movimentos e ser mais assertivos nas nossas respostas, o que acaba redundando na redução dos custos médios, seja na área cível ou trabalhista”, explicou Vita.
Em maior escala na operação, o banco também adota aplicações de IA em frentes como modelagem de risco e de crédito desde o fim de 2022.
“Temos feito muitos trabalhos com inteligência artificial, machine learning, e entendemos que essa é uma ferramenta muito poderosa em áreas como a nossa força comercial e experiência do cliente”, afirmou Milton Maluhy Filho, CEO do Itaú Unibanco.
Segundo o executivo, cada ponto percentual de engajamento do cliente gera cerca de R$ 1 bilhão em novas receitas.
“Você tem aí uma tríade de IA, nuvem e dados que, quem de fato entende, coloca uma distância enorme sobre quem a não persegue”, destacou Pedro Moreira Salles, presidente do conselho de istração do Itaú Unibanco.
Desde a do contrato com a AWS em 2020, o Itaú está fazendo uma das maiores migrações para a nuvem do país. A instituição, no entanto, prefere usar para o processo o termo "modernização".
“Falar em plataforma modernizada não é simplesmente entrar para a cloud. É pegar um sistema legado, que roda no monolito, no mainframe, modernizar e levar para a cloud”, explica Fábio Napoli, diretor de TI do Itaú.
Hoje a instituição já está com 50% do seu ambiente em nuvem e a expectativa é chegar a 65% até o final de 2023.
Hoje com 65 milhões de clientes pessoa física, o Itaú estava apostando pesado em construir a sua própria infraestrutura até pouco tempo atrás. Em 2015, aumentou em 25 vezes a sua capacidade instalada, construindo um data center em Mogi Mirim com um investimento de R$ 3,3 bilhões.
Na época, o banco disse que o novo data center teria capacidade para atender o crescimento dessa demanda até 2050. Além disso, estava prevista a construção de mais dois data centers entre 2021 e 2023 e outros dois até 2035, sempre no mesmo local.
Apesar do setor bancário em geral ter infraestruturas de TI legadas de grande porte, o mercado todo também parece estar recalculando a rota.
Na pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária, divulgada em maio pela Deloitte, a migração para a nuvem e a inteligência artificial aparecem como temas centrais dos investimentos dos bancos em tecnologia, que devem atingir R$ 45,1 bilhões em 2023.