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Foto: Deposit Photos.
O Itaú divulgou um documento afirmando que Alexsandro Broedel, seu ex-diretor financeiro, violou políticas internas e a regulamentação do banco, agindo em “grave conflito de interesses” e em benefício próprio em contratações de pareceres técnicos.
Entre junho de 2019 e junho de 2024, Broedel teria contratado 40 pareceres da empresa Care, cujos sócios são Eliseu Martins e seu filho Eric Martins. Segundo o site Brazil Journal, o valor total foi de R$ 13,26 milhões.
O problema é que Martins e Broedel são sócios em outra empresa desde 1998, a Broedel Consultores, e o ex-CFO não havia informado isso ao Itaú, nem seu relacionamento com Martins, como determinam os controles internos para que sejam cumpridas exigências regulatórias.
Ao revisar as movimentações financeiras em conta-corrente, o banco teria identificado que Broedel e a Broedel Consultores receberam 56 transferências da Care e de outra empresa de Eliseu Martins, a Evam, que ele mantém em sociedade com dois filhos.
De acordo com o Itaú, 23 transferências que somam R$ 4,86 milhões foram feitas em datas próximas às dos pagamentos à Care. Com isso, a instituição concluiu que o executivo recebia um rebate de cerca de 40% ao contratar os pareceres da Care.
O banco também diz não ter localizado 20 dos 40 pareceres e que quatro deles foram pagos antecipadamente.
Na última sexta-feira, 6, o Itaú protocolou um protesto pedindo uma indenização de R$ 6,6 milhões, valor referente aos pareceres não encontrados e não entregues. Além disso, a instituição pediu uma indenização de R$ 4,86 milhões, valor que teria sido transferido pela Care e pela Evam a Broedel.
Como o protesto não é uma ação judicial, trata-se de uma espécie de notificação.
Ainda de acordo com o BJ, o próximo o é entrar com uma ação civil de reparação de danos contra Broedel e Martins. Isso deve ser feito em janeiro, após o recesso do Judiciário, e o banco ainda está em processo de contratação do escritório de advocacia.
Na ação civil, o Itaú pedirá a mesma indenização.
Como as irregularidades praticadas antes do período de três anos já prescreveram, o banco precisará se concentrar no que foi identificado entre 2022 e 2024.
Mesmo assim, o Itaú protocolou um protesto interruptivo de prescrição, uma medida judicial que determina que irregularidades praticadas num período anterior a três anos não prescrevam.
As informações reunidas pela instituição também foram readas ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), ao Banco Central e à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que podem decidir investigar o caso.
Em assembleia geral extraordinária, a organização ainda pediu a anulação da aprovação das contas de Broedel de 2021 a 2023. A medida seria necessária para que o banco possa recuperar valores que teriam sido pagos de maneira indevida.
Em sua nota à imprensa, Broedel disse que as acusações são “infundadas e sem sentido” e que tomará as “medidas judiciais cabíveis”. Além disso, afirmou que “os serviços mencionados eram do conhecimento do Itaú e requeridos por diferentes áreas do banco”.
“Causa profunda estranheza que o Itaú levante a suspeita sobre supostas condutas impróprias somente depois de Broedel ter apresentado a renúncia aos seus cargos no banco para assumir uma posição global em um dos seus principais concorrentes,” conclui a nota do executivo.
Broedel ingressou no Itaú em 2012 e pediu demissão em julho de 2024. No próximo mês de janeiro, o executivo assumiria um cargo no Santander em Madri. O nome de Broedel ainda precisa ser aprovado pelo BC espanhol. O Santander ainda não se manifestou sobre o assunto.