Procergs novinha em folha, nos anos 70. Foto: Divulgação
A Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão do governo do Rio Grande do Sul quer contratar uma fábrica de software diretamente, tirando do processo a Procergs, estatal de tecnologia do estado.
Pelo menos, é o que afirma o Sindppd-RS, sindicato de profissionais de tecnologia, em um post publicado no seu site na terça-feira, 20.
O sindicato não chega a abrir nenhuma informação mais concreta sobre as dimensões ou o estágio atual do processo de licitação.
Por outro lado, esse é um desses casos de “onde há fumaça, há fogo”, porque o Sindppd-RS tem seus contatos dentro do funcionalismo público e esse tipo de informação vaza com facilidade.
A reportagem do Baguete procurou o Sindppd-RS, para saber de mais detalhes sobre a suposta licitação, e a Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão, para confirmar a existência da mesma. Até agora, nenhum dos dois retornou.
Caso a licitação realmente venha a público, já é possível contar com a resistência do funcionalismo da Procergs, a destinatária tradicional dos contratos de desenvolvimento de software do governo gaúcho.
Na sua nota, o Sindppd-RS afirma ter “indícios do ponto de vista técnico, financeiro e dos riscos críticos para as informações da população e do estado”.
O sindicato afirma que a contratação de uma fábrica de software diretamente pela secretaria aumentará o risco de vazamento de dados e pode levar a criação de “soluções pontuais”, com “riscos de não interoperabilidade com outros sistemas do estado”.
(Vale lembrar que a própria Procergs contrata ela mesma serviços de fábrica de software de empresas privadas há mais de uma década).
A chave do assunto para o Sindppd-RS é o enfraquecimento da própria Procergs, uma empresa com cerca de 1 mil funcionários no qual o sindicato é especialmente ativo, organizando greves e paralisações com regularidade.
O post do Sindppd-RS fala em risco de queda receita e problemas de saúde fiscal para a estatal, com a perda de contratos para uma eventual fábrica de software.
“É inissível que se coloque em cheque a sobrevivência da Procergs enquanto gerenciadora da TI do estado”, afirma o texto.
De prático, o sindicato pediu uma reunião sobre o assunto com a presidência da Procergs. Se a empresa vai comprar briga com o governo do estado ou não, é outra história.
A preocupação do Sindppd-RS não é à toa. Dando uma olhada nas competências da Secretaria de Planejamento, é possível ver algumas possibilidades para desenvolvimento de softwares.
A atribuição número 1 da secretaria é o monitoramento do orçamento, uma atividade com grande potencial de informatização.
Outras competências incluem a análise de dados estatísticos, fazer gestão de recursos humanos e documental, entre outros.
Maurício Renner 1r206e
Editor at Baguete Diário