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Imagem meramente ilustrativa. Foto: flickr.com/photos/helico
O governo federal pode ter dado uma pá de cal no Ginga, middleware opensource de interatividade desenvolvido no Brasil que foi vendido como um dos motivos para o país adotar o modelo japonês como base para a criação do sistema brasileiro de televisão digital, em 2007.
Segundo relata o site brasiliense Convergência Digital, o governo irá deixar de lado a exigência de obrigatoriedade do Ginga em troca de incentivos para celulares fabricados no Brasil, como parte uma estratégia para estimular a inclusão da funcionalidade de TV Digital nos aparelhos.
A medida faz parte de uma consulta pública sobre o sistema de incentivos fiscais aos celulares divulgada na semana ada, da qual o Ginga não consta mais como uma exigência.
A obrigatoriedade envolve não mais de 5% dos aparelhos montados no país e que recebem isenções fiscais.
Uma série de motivos contribuíram para a saída do Ginga, relata o Convergência Digital.
A primeira é que as operadoras não estão dispostas a pagar aos fabricantes o valor entre R$ 5 a R$ 10 a mais representado pelo Ginga.
Em uma indústria com padrões globais de preço e produtos com vida útil curta, esse dinheiro faz diferença, ainda mais tendo em conta que os aparelhos já oferecem outros recursos de interatividade ao gosto do usuário.
É justamente nos gostos dos usuários e nos interesses dos fabricantes que reside o maior empecilho para o Ginga, resultado de vários anos de pesquisa e desenvolvimento realizados da PUC-Rio e da Universidade Federal da Paraíba.
Nos últimos anos, as novas SmartTV tem trazido middlewares proprietários desenvolvidos por cada uma das fabricantes de acordo com seus intereses. Além disso, com o incremento de banda larga disponível, a TV Digital sofre também concorrência de serviços de streaming de vídeo a la Netflix.
A TV Digital como um todo está caminhando em um ritmo bem mais lento do que o anunciado pelo governo federal no lançamento.
Recentemente, a Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara dos Deputados validou mais um adiamento no projeto, prorrogando o desligamento do sistema analógico em mais dois anos. O prazo agora é dezembro de 2018.
Segundo a Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abratel), 65% das famílias ainda adotam o aparelho analógico de tubo como o televisor principal da casa.
O presidente da Abratel, André Felipe Trindade, reforça que a televisão analógica chega a 98% da população brasileira, enquanto o modelo digital não alcança 40% das pessoas.