
Hitendra Patel, fundador e CEO da IXL Center. Foto: Divulgação.
O caminho para empresas que ainda não criaram movimentos de transformação em seus negócios é estabelecer agora planos de inovação e explorar novas oportunidades de receita que apresentem diferentes possibilidades de crescimento no futuro.
Para Hitendra Patel, fundador e CEO da IXL Center, empresa global de consultoria em inovação com sede em Cambridge, a forma de começar um grande movimento de inovação é calcular o gap entre a expectativa de crescimento da empresa e a projeção de alta pela curva atual.
“Para preencher o gap é preciso plantar sementes hoje que dêem frutos relevantes no futuro, que nesse caso serão os produtos que os clientes vão comprar para trazer novas receitas e aumentar o faturamento da companhia”, destaca o executivo, que palestrou na Conferência de Inovação 2018 da Anpei.
O evento da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras reuniu cerca de 900 participantes de 300 empresas diferentes nesta semana. A conferência foi realizada em Gramado, na Serra Gaúcha, e contou com 35 painéis, 2 workshops, incluindo o keynote de abertura de Patel.
Na ocasião, ele explicou que a decisão de quais sementes plantar deve levar em conta que elas precisam explorar um novo campo de atuação para a empresa, e nunca devem vir sozinhas.
“O plano pode partir de um produto, mas precisa ser mais profundamente explorado para desenvolver um campo mais completo”, detalha.
Patel demonstra a situação com um exemplo da Pepsico, que determinou que precisava preencher um gap de crescimento de US$ 10 milhões em cinco anos.
“A partir da tendência atual de preocupação com uma vida saudável, a empresa pensou em investir na venda de garrafas d’água, mas foi além e criou toda uma linha voltada para isso, chamada Better For You, que inclui também sucos, isotônicos e outros”, relata.
Para seguir no projeto de inovação, após a escolha de um novo campo, é preciso definir um pipeline estratégico de longo prazo para a evolução dos produtos.
“Quando a Apple lançou o iPad 1, por exemplo, ele não vinha com câmera. Quando as outras empresas criaram cópias do produto, a Apple já tinha a segunda versão pensada com a câmera”, detalha Patel.
Com a ideia de não esperar as mudanças, mas sim criar o futuro, Patel sugere a análise de tendências de mercado que devem fazer parte do plano de inovação. Ele aponta que sustentabilidade, conexão, saúde e robótica são temas para investimento em pesquisa & desenvolvimento.
Para os estudos, esses assuntos devem ser combinados com aspectos como envelhecimento da população (uma geração saudável com mais idade e dinheiro para gastar), centennials (público nascido após 1997), preferências globais (pessoas de todo o mundo consomem as mesmas marcas) e novidades tecnológicas (big data, inteligência artificial, IoT, entre outras).
*Júlia Merker viajou a Gramado para a Conferência de Inovação 2018 a convite da Anpei.