
Guilherme Homrich, Carlos Martins, Julia Fiorese, Jakson Vassoler e Igor Pasa.
O projeto Electric-24, que quer fazer uma corrida de carros elétricos de 24h no coração de Porto Alegre, acaba de lançar a seu instituto de ciência, tecnologia e inovação, o E-24 Mobility Lab.
Conhecidas pela sigla ICT, esse tipo de organização sem fins lucrativos funciona como elo de ligação entre empresas e universidade para projetos de pesquisa e desenvolvimento.
O E-24 Mobility Lab deve cuidar da parte “acadêmica” da iniciativa, com uma atuação voltada à nova mobilidade de uma forma geral, e não apenas carros elétricos.
A sede ficará na Fábrica do Futuro, no Quarto Distrito de Porto Alegre, uma região em alta com coworkings e empreendimentos ligados a inovação. Com o tempo, o ICT pretende espalhar laboratórios pela capital e região metropolitana.
A ICT nasce com um conselho técnico-científico com nove nomes, incluindo Marcelo Lubaszewski, diretor do Zenit, parque tecnológico da UFRGS; Augusto Langer, gerente de inovação da EPTC; Carlos Strey, comissário-chefe Confederação Brasileira de Automobilismo e Marc Weiss, Ph.D pela universidade de Berkeley e CEO da Global Urban Development.
Completam o time professores doutores líderes em pesquisa na área de engenharia das principais universidades gaúchas: Guilherme Homrich (UCS), Jakson Vassoler (UFRGS), Walter Fontana (Unisinos) e Rodrigo Vieira (UFSM). A advogada Julia Reis é parte do conselho e assumiu como primeira presidente do ICT.
"É preciso valorizar a coragem de estar começando um Instituto para promover a eletromobilidade, melhorar a mobilidade urbana e discutir estes assuntos que estão tão em voga", aponta Rodrigo Tortoriello, secretário de Mobilidade Urbana de Porto Alegre.
“O E-24 Mobility Lab, no dia de hoje, presenteia nossa sociedade ao trazer para si a missão de colocar a ciência e a tecnologia a serviço da transformação de Porto Alegre em uma cidade cada dia mais contemporânea”, comenta Lubaszewski.
O novo ICT quer atrair projetos de pesquisa e desenvolvimento do setor automotivo e de energias limpas para um pool de universidades e outros ICTs locais, bem como buscar investidores para projetos inovadores, sejam eles acadêmicos ou privados.
Algumas das possíveis são o Rota 2030, como ficou conhecida a política de estado voltada à cadeia da indústria automotiva, oferece incentivos às empresas privadas que investirem em P&D.
No setor elétrico, a ANEEL recentemente abriu espaço para pesquisas em eletromobilidade dentro do seu programa de eficiência energética, cujo investimento é compulsório para as empresas do setor.
“Motores elétricos mais eficientes podem ser desenvolvidos aqui. Sistemas de controle podem ser desenvolvidos aqui. Sensores, tuneladoras, vagões, temos tudo para desenvolver por aqui alguma tecnologia que podem ser inserida na cadeia global de fornecimento”, acredita Carlos Martins, CEO do projeto Electric-24 (E-24).
Além da E-24 Mobilty Lab, Martins toca em paralelo a E-24, uma corrida de 24 horas com carros elétricos no coração da capital gaúcha, uma versão de Le Mans para o século XXI.
Apesar de separadas, as duas iniciativas se retroalimentam. A estratégia é usar o interesse por automobilismo como uma forma de catalisar atenção em torno do tema carro elétrico e a mobilidade do amanhã.
O plano é que a E-24 não seja somente uma corrida de carros elétricos que dura 24 horas, mas um teste para as tecnologias de mobilidade elétrica em curso em diferentes universidades e centros de pesquisa, um showroom para os modelos disponíveis e um ponto de networking para o ecossistema por trás do que o empreendedor acredita que será o carro do futuro.
“A ideia é unir pesquisadores e iniciativa privada em um evento atrativo para o grande público”, resume Martins, um economista que chegou a competir no automobilismo amador.
No Brasil, o conceito de competição de protótipos é consagrado no mundo universitário, através de projetos como a Fórmula SAE, que todo ano promove uma competição nacional para carros elétricos, movimentando centenas de estudantes do nível de graduação.
A E-24 pode ser considerada uma evolução do conceito, agora orientado para mestres e doutores em engenharia elétrica e mecânica.
O formato 24h se ajusta bem para provar duas questões chave para um eventual sucesso futuro do carro elétrico: aumento de autonomia, com mais tempo de sobrevivência da bateria e menor tempo de recarga dos automóveis.
Esses dois problemas podem ser resolvidos por uma miríade de combinações entre software e hardware, além de diferentes equipamentos relacionados aos carros, assim como a habilidade dos pilotos.
Existe um grande interesse popular por competições de automobilismo. Em novembro do ano ado, 40 mil pessoas abarrotaram as laterais da pista montada na orla do Guaíba para ver manobras de Rubens Barrichello em um carro de F1, em um evento patrocinado pela Heineken.
O mercado brasileiro já conta com seis carros elétricos disponíveis e é possível começar a falar de uma linha de elétricos no país.
Os participantes do evento puderam fazer um test drive em um Nissan Leaf, o último modelo elétrico da Nissan, cortesia da IESA, uma grande revenda de automóveis de Porto Alegre.
Algumas cidades já estão apostando no uso de ônibus elétricos.
No entanto, ainda está longe de ser definido que região do país vai liderar no tema carro elétrico, que para muitos analistas é o futuro inevitável do automóvel. Martins vê potencial no Rio Grande do Sul.
O estado que já sedia uma montadora (a GM), tem um forte pólo de autopeças na Serra Gaúcha, um pólo petroquímico (importante para novos materiais para produção de carros) e por fim uma indústria de semicondutores (HT Micron e Ceitec) e eletroeletrônicos capaz de produzir os sensores necessários para um carro elétrico.
“O Rio Grande do Sul pode ocupar a vanguarda da pesquisa, desenvolvimento e inovação de novos e melhores componentes, como baterias, motores, softwares automotivos e sensores dos mais diversos tipos. Para isso, temos que aproveitar as potencialidades e o talento que já temos aqui”, aponta Martins.