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Constantino Bäumle CEO da BITS.
A Deutsche Messe AG comprou os 49% restantes para assumir o controle total da Hanover Fairs Sulamérica, sua filial no Brasil.
O negócio, fechado nesta segunda-feira, 21, em Curitiba, prevê a saída em dois anos de Constantino Bäumle, que representava os alemães desde o início da operação no Brasil, em 1979.
Até lá, Bäumle apoiará e treinará o novo diretor da Hannover Fairs Sulamérica, Valério Regente.
Regente é um executivo com 20 anos de experiência na área de TI, tendo sido vice presidente de vendas da Software AG no Brasil. O profissional também teve agens pela BEA Systems, BMC e IBM.
A filha de Bäumle, Brena, ará a dedicar-se apenas a sua própria empresa, a Bäumle Organização de Feiras, que será responsável pelo apoio técnico de projetos, arquitetura promocional, organização e coordenação de serviços nos pavilhões, design e comunicação visual das feiras da Deutsche Messe AG no Brasil.
“Com a nova e atual estruturação colocamos um sinal bem claro para a ampliação de nossos negócios Deutsche Messe AG no futuro“, afirma Götz Dörmann vice-presidente sênior da Deutsche Messe AG e Diretor Executivo da Hannover Fairs Internacional GmbH.
Para a área de TI, a entrada de Regente no comando da Hanover Fairs Sulamérica pode ser uma boa notícia para a BITS. A feira de TI irmã da Cebit sediada em Porto Alegre entrará em 2014 na sua quarta edição procurando estabelecer uma fórmula e o seu lugar cenário nacional de tecnologia.
Na última edição da BITS, em maio, Bäumle indicou mudanças no posicionamento estratégico da feira, deixando de falar em metros quadrados de área vendida para colocar o objetivo em termos de uma “plataforma de negócios”.
A edição 2013 teve um público 12 mil pessoas, uma alta de 26% frente ao ano ado acima do número da primeira edição, que ficou em 10,5 mil. Em espaço, porém, ela ficou igual, em torno de 5 mil metros. A organização havia divulgado uma meta de dobrar de tamanho em 2012.
Segundo a reportagem do Baguete pode averiguar em conversas com fontes próximas ao longo dos últimos anos, parte do problema na decolagem da feira residia em uma dificuldade de relação com a área de TI, tanto em termos comerciais como no envolvimento com as entidades do setor.
Acostumada a trabalhar com produtos consagrados como a Mercopar, feira referência do setor metal mecânico na 22ª edição em Caxias do Sul que neste ano atraiu mais de 600 expositores e 35 mil visitantes, a equipe comercial da Hanover Fairs Sulamérica tem dificuldades com as empresas do setor de TI, que não são conhecidas por serem grandes investidores em marketing.
Em termos de área vendida, a BITS ainda é bastante dependente de organizações como Sebrae, Banrisul, Governo do Estado e Prefeitura, que apoiam o evento desde a primeira edição.
No último ano, foram introduzidos nomes como Totvs e a GetNet, empresas nacionais de grande porte, mas não as estrelas do setor de TI que a organização se propôs a atrair desde a primeira edição.
O objetivo de transformar a feira numa plataforma de negócios, no entanto, tem se consolidado por meio de iniciativas como o espaço CIO, que trouxe 15 gestores de TI de todo Brasil para um evento privado dentro da BITS, ível apenas para empresas com estantes ou que pagassem e as rodadas de negócios da AL Invest coordenadas pela Fiergs.
Além do desafio de incremetar a participação das empresas dentro da feira, Regente terá pela frente a luta de construir uma aproximação mais efetiva com as entidades e instituições da área, de maneira a incrementar o respaldo da feira.
A Hanover Fairs já divide a organização do evento com a Fiergs. Uma das medidas tomadas por Bäumle foi criar um Conselho Estratégico que inclui 16 entidades e parques tecnológicos do Rio Grande do Sul.
Na prática, porém, os integrantes do conselho tem áreas de atuação sobrepostas, ideias divergentes, graus de comprometimento diferentes e sua dose de conflitos de poder bizantinos de bastidores.
A situação transforma o conselho numa máquina de palpites e não numa correia de transmissão junto aos seus públicos de uma mensagem coesa em prol do sucesso da feira.
O desenho deve ter sido responsável pela sua dose de reuniões inofensivas, mas também causou perdas de oportunidades claras.
Uma ocasião na qual isso ficou claro foi em setembro de 2012, quando o governador Tarso Genro organizou a vinda de nomes fortes do Ministério de Desenvolvimento e do BNDES a Porto Alegre para participar de uma reunião do Palácio Piratini.
Vieram também representantes de alto escalão da Stefanini e da Totvs – integrantes do Comitê Estratégico Nacional, outro órgão de aproximação com o mercado.
Tarso recebeu para um almoço apenas represententas da AGDI, Fiergs, Badesul, CETI e Hannover Fairs.
Na reunião posterior, com os representantes de Brasília e das grandes empresas, participaram mais de 20 representantes de uma dúzia de entidades diferentes, produzindo um encontro altamente divagatório e sem nenhuma agenda de reinvidicações ou mensagem comercial clara em nome da BITS.
A quarta edição da BITS está marcada para 13 a 15 de maio de 2014. Bäumle, cuja experiência e competência no assunto é indiscutível, costuma repetir que uma feira demora em torno de quatro edições para se consolidar.
No caso da BITS, isso pode significar bastante trabalho para a nova direção da Hanover Fairs Sulamérica.