DESCONTROLE

Criminosos desbloqueiam empréstimos no INSS 4i3i1p

Serviço é oferecido por R$ 100 no WhatsApp. INSS virou a Casa da Mãe Joana da segurança da informação. 382a4a

25 de abril de 2024 - 08:06
Alguma coisa está fora da ordem. Foto: Depositphotos.

Alguma coisa está fora da ordem. Foto: Depositphotos.

É possível pagar alguém para ar os sistemas do INSS e desbloquear benefícios para liberar empréstimos de crédito consignado de forma quase instantânea, por valores entre  R$ 80 e R$ 100. 

É o que mostrou uma matéria feita pelo RBS, retransmissora da Globo no Rio Grande do Sul. 

O “serviço” é encomendado pelo WhatsApp por agentes de instituições financeiras de crédito, os famosos “pastinhas”. 

A oportunidade para negócio é originada pela lentidão do trabalho normal do INSS. 

A denúncia que embasou a reportagem partiu de uma promotora de vendas de Alvorada, na região metropolitana de Porto Alegre. 

Ela diz que aposentados chegam a aguardar 60 dias quando solicitam a liberação de forma legal. 

Todas novas aposentadorias aprovadas vêm por default com um bloqueio para empréstimos consignados. Isso provavelmente foi implementado por que as informações sobre concessões de novas aposentadorias também costumam vazar do INSS. 

A reportagem não conseguiu averiguar como funciona o esquema dentro do INSS, mas o mais provável é que os criminosos estejam pagando servidores públicos com o a sistemas do governo federal.

Com a fraude, os criminosos conseguem liberar desconto em contracheques do INSS que têm restrição para consignados e ainda alterar senhas do sistema Gov.br, que dá o a serviços como Previdência Social, Carteira Digital de Trânsito, entre outros. 

O problema, ou um dos problemas, é que os dados de aposentados envolvidos no esquema acabam no mundo, e criminosos podem acabar contratando empréstimos por conta própria. Uma aposentada de Porto Alegre perdeu R$ 74 mil para os golpistas.

A RBS procurou o INSS com dados de algumas operações feitas pela promotoras de vendas, e o órgão disse que o desbloqueio de benefício em questão foi feito em Roraima, e que o servidor responsável será investigado.

"Tudo leva a crer que foi um servidor. Mas a gente tem que tomar cuidado, porque, com alguma forma de tecnologia, podem ter capturado as credenciais do funcionário. Nós abrimos uma apuração, muito em breve vamos ter resposta”, disse à RBS Alessandro Stefanutto, presidente do INSS. 

O presidente do INSS também garantiu empenho para reduzir o tempo de espera pelos desbloqueios solicitados licitamente.

“Aí não vai existir oportunidade para pessoas desonestas cooptarem algum servidor”, aponta Stefanutto.

A Polícia Federal diz que há investigações em curso sobre esse tipo de esquema fraudulento, que já foi motivo de operações no ado, quando se comprovou que as alterações eram feitas com até por terceirizados ou estagiários, ou por meio de senhas roubadas.

Como o leitor pode ver, o INSS é uma espécie de casa da Mãe Joana quando o assunto é segurança da informação.

O órgão não está em condições de controlar totalmente o o aos seus sistemas, de monitorar atividades fora do comum dos usuários (como um funcionário de Roraima aprovando alterações de status para um beneficiário no Rio Grande do Sul) ou de processar com agilidade alterações simples nos cadastros.

Os problemas não vêm de hoje e boa parte deles pode ser traçado ao mercado de crédito consignado para aposentados, um tipo de empréstimo criado em 2003 que tornou os dados do INSS muito mais atrativos. 

O governo está se mexendo, ou tentando se mexer.

Recentemente, surgiu a informação de que a  Dataprev, estatal de tecnologia federal que atende à Previdência Social, está buscando um empréstimo de R$ 250 milhões para fazer um upgrade interno.

A ideia é usar o dinheiro para corrigir falhas nos sistemas que têm prejudicado o o de beneficiários a pedidos de aposentadoria e outros auxílios, como o seguro desemprego. 

Segundo o Poder360, um dos problemas-chave é o vazamento de dados, o que tem feito a empresa ser chamada internamente no ministério da Previdência de “Vazaprev”.

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