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Cliente em loja do Carrefour. Foto: Divulgação.
A operação no Brasil da varejista sa Carrefour vai migrar o seu sistema de gestão para o S/4 Hana, última versão do ERP da SAP.
O projeto, para o qual ainda não está definida a consultoria, é um dos primeiros fechados no país a partir do lançamento do Rise with SAP, um programa da multinacional alemã focado justamente em promover migrações para o S/4.
A SAP não deu maiores detalhes sobre a migração, afirmando apenas que ele visa “modernizar o back office corporativo”, adotando a versão na nuvem do S/4 e mantendo a integração com a matriz na França, cliente global da SAP.
Lançado no final de janeiro, o Rise with SAP envolve a migração para a nuvem do ERP, com a SAP ou parceiros selecionados assumindo e, serviços gerenciados e infraestrutura.
Os clientes podem ainda manter suas licenças on premise e os contratos de manutenção, cobrados no formato de subscrição, a forma tradicional de comprar software.
O plano já começou com 130 clientes piloto na largada. No Brasil, além do Carrefour, existem projetos do tipo rodando na C&C e Chilli Beans.
“A rápida adesão aos contratos baseados na oferta Rise with SAP mostra que as empresas buscam uma jornada de transformação digital holística com processos ágeis e simples de implementar, porém sem abrir mão de adotar soluções à prova de futuro para seus desafios de gestão”, explica Adriana Aroulho, presidente da SAP Brasil.
O Carrefour está no Brasil desde 1975. No ano ado, a empresa teve um faturamento de R$ 74,7 bilhões no país, contando com 722 pontos de vendas e mais de 95 mil funcionários.
Em março, o grupo fez um acordo com a Advent International e o Walmart para adquirir por R$ 7 bilhões o Big, que possui 387 lojas, 41 mil funcionários, presença em 19 estados brasileiros e que registrou R$24,9 bilhões em vendas brutas em 2020.
GRANDES CLIENTES, GRANDES MIGRAÇÕES
A decisão do Carrefour de ir para o S/4 usando o Rise with SAP é uma excelente notícia para a gigante alemã.
O programa foi pensado justamente para superar a resistência em migrar de grandes clientes como a varejista sa, um problema para a SAP desde o lançamento em 2015 do novo ERP, por uma combinação de fatores.
O novo ERP roda em um banco de dados em memória, o que é um investimento adicional, e rodar software na nuvem requer abandonar uma série de customizações que as empresas desenvolveram ao longo do tempo.
A SAP reconheceu a situação em fevereiro de 2020, ao anunciar uma prorrogação da manutenção das aplicações da família Business Suite 7, conhecidas no mercado como ECC, até o final de 2027, aumentando assim em dois anos o prazo inicialmente estabelecido para 2025.
Além dos dois anos a mais de manutenção normal, ou mainstream, no jargão interno da SAP, a empresa também se comprometeu a manter a chamada manutenção estendida até o final de 2030.
A decisão aliviou a pressão sobre os clientes para migrar para o S/4, porque o fim do e ao ECC significaria um aumento de preços para seguir rodando os sistemas.
As idas e vindas não são de hoje. Em 2016, apenas um ano depois do lançamento, a SAP criou o chamado Value Assurance, outro modelo comercial destinado a estimular a migração para o S/4.
A diferença agora é que a situação é outra e a SAP está mais pressionada do que nunca para fazer acontecer a migração para a nuvem dos clientes.
Em outubro, a poderosa DSAG, associação que reúne 3,7 mil empresas usuárias de SAP na Alemanha, Áustria e Suíça, divulgou que o impacto do coronavírus nos negócios das associadas levou 43% delas a atrasar ou deixar em stand by por tempo indefinido os projetos S/4.
Os atrasos nos projetos refletiram no faturamento e na opinião do mercado sobre a empresa. Em outubro, depois de anunciar a segunda redução na sua previsão de faturamento em 2020, as ações da SAP levaram um tombo de 23%.
No final das contas, a receita da SAP em 2020 caiu 1%, para € 27,3 bilhões. A receita de cloud subiu 17%, mas com € 8 bilhões ainda está longe de ser significativa.