
Hora de dizer adeus? Foto: Divulgação Banrisul.
Vender o Banrisul é uma condição inegociável para o Rio Grande do Sul entrar no regime de recuperação fiscal da União, plano visto por muitos como a única alternativa para o estado sair da sua situação de falência.
A informação é da secretária-executiva do Ministério da Fazenda, Ana Paula Vescovi, que falou sobre o tema para a Rádio Gaúcha.
Para ela, não ter o banco na lista de estatais a serem privatizadas é "impedimento total" para o acordo.
Durante a campanha, o governador eleito, Eduardo Leite (PSDB), rechaçou a possibilidade de privatizar o banco público, defendendo apenas a venda das estatais gaúchas da área de energia (CEEE, Sulgás e CRM).
“O estado fez sim um esforço nos últimos quatro anos, mas não o suficiente”, disse Ana Paula, enfatizando, mais uma vez, a necessidade do Banrisul estar no rol das empresas a serem vendidas.
A adesão do Rio Grande do Sul ao regime de recuperação fiscal sempre foi uma das principais apostas do atual governador, José Ivo Sartori, para enfrentar a crise financeira do estado.
De acordo com o Piratini, a adesão deve resultar na suspensão do pagamento das prestações mensais da dívida com a União por três anos.
Já em janeiro de 2017, o governo federal sinalizou por meio de informações dadas ao Valor Econômico por fontes não reveladas, que sem Banrisul não haveria resgate para o Rio Grande do Sul.
O Banrisul é um dos cinco bancos estaduais que não foram privatizados. No mais, só sobraram Banestes (Espírito Santo), o Banese (Sergipe), o Banpará (Pará) e o BRB (Brasília).
Rumores sobre uma incorporação do Banrisul pelo Banco do Brasil surgem de forma cíclica, com mais força depois de 2008 quando o BB incorporou o paulista Nossa Caixa, o último grande banco estadual disponível.
Criado em 1928 pelo então governador Getúlio Vargas, o Banrisul sempre foi preservado nos balões de ensaio sobre cortes e privatizações lançados nos últimos anos pelo governo estadual.
Românticos podem apontar para o fato do banco ser uma marca muito conhecida no Rio Grande do Sul, com direito a um slogan bairrista (“Melhor porque é nosso”) e patrocínios perpétuos nas camisas de Grêmio e Inter.
Comentadores de inclinações mais práticas vão lembrar que o Banrisul é usado como uma muleta por governadores gaúchos em apuros nos últimos anos, emprestando dinheiro para o funcionalismo para cobrir o atraso do décimo terceiro, ou, mais recentemente, comprando a folha de pagamento do estado por 10 anos em um negócio de R$ 1,3 bilhão no qual não competiram outros bancos.