
Brasileiros atraídos pelo sonho americano. Ou afugentados pelo pesadelo brasileiro? Foto: Pixabay.
O Brasil é o campeão absoluto na América Latina quando o assunto é obter visto de empreendedor para os Estados Unidos, que condiciona a obtenção da nacionalidade a um investimento de US$ 500 mil que gere empregos no país.
Em 2017, foram 282 brasileiros que receberam o visto por meio dessa modalidade, conhecida como EB-5.
Em seguida, vem a Venezuela, com 108, e México com 85 vistos, segundo dados oficiais do Departamento de Imigração dos Estados Unidos.
O Brasil superou a Venezuela em 2016, quando foram 150 pedidos desse tipo de visto contra 109 dos venezuelanos.
O número de 2016 foi um salto de cinco vezes sobre o número de 2015, quando foram concedidos 34 vistos do tipo, dentro da média dos anos anteriores.
O número de vistos concedido para empreendedores brasileiros é quase o dobro do maior número obtido por outro país. O recorde anterior era do México, com 145 vistos em 2013.
Para colocar as coisas em perspectiva, vale lembrar que a Venezuela é um país de 31 milhões de habitantes que se aproxima do colapso social e econômico, enquanto que o México tem 119 milhões de habitantes e compartilha fronteira e uma economia muito integrada à americana.
“Além do crescimento no interesse de brasileiros por conta da situação econômica e política do país, o México, que tradicionalmente sempre liderava o ranking, apresentou uma queda significativa entre 2013 e 2015”, destaca Ana Elisa Bezerra, vice-presidente da LCR Capital Partners no Brasil, uma consultoria que assessora empreendedores interessados em emigrar.
O movimento de saída do país não se concentra apenas no pico, entre as pessoas com capital suficiente para obter um visto EB-5.
Segundo um estudo da Datafolha divulgado em junho, quase a metade (43%) dos adultos brasileiros sairia do país se tivesse condições, uma cifra que aumenta nas camadas mais jovens, melhor educadas e com mais renda da população.
Por faixas etárias, o desejo é mais forte quando mais jovem é o pesquisado. Assim, o interesse por emigrar chega a 62% entre pessoas entre 16 a 24 anos, que cresceram em meio a crise econômica e política. É o maior índice entre todas as faixas pesquisadas.
Para pessoas entre 25 a 34, no começo da vida profissional, a cifra é 50%. Na faixa seguinte, entre 35 e 44, ela cai um pouco, para 44%, chegando a 32% entre 45 a 59 e 24% na de 60 anos ou mais.
Quando o corte é por nível educacional, a resposta é positiva para 56% dos pesquisados com nível superior, 48% para nível médio e 27% para nível fundamental. Já por classes sociais é 51% para AB, 44% para C e 30% para DE.
O país favorito para imigrar são os Estados Unidos, o nome lembrado por 14% em uma resposta espontânea única. Portugal é o segundo, com 8% e em terceiro vem o Canadá, com 3%.