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O Procon-SP divulgou recentemente uma pesquisa que aponta que 48% das pessoas que já fizeram ou fazem apostas online tiveram sua renda comprometida com a prática.
Entre os 1.533 consumidores que aram o site do órgão e responderam à pesquisa, 39% afirmam possuir dívidas. Muitos desses pegaram dinheiro emprestado ou desfizeram investimentos para continuar jogando.
O perfil dos jogadores mostra que 58% são do sexo masculino e 81% estão na faixa dos 18 aos 44 anos. Mais de 73% comprometem de R$ 100 a R$ 500 de sua renda por mês com os jogos, enquanto o restante tem gastos que chegam a R$ 1 mil.
A pesquisa, realizada entre 3 de dezembro de 2024 e 8 de janeiro de 2025, revela dados do poder de engajamento das propagandas dessas empresas.
Cerca de 89% dos entrevistados relatam ter recebido ofertas dos jogos nas redes sociais e no celular, e 52% sentem-se motivados por influenciadores digitais — garotos-propaganda das marcas — a jogarem.
Ainda que o Brasil venha reforçando as leis contra os sites de apostas online e as casas de bets, boa parte dos entrevistados relata ter problemas para resgatar o dinheiro. Cerca de 89% afirmam que as casas se recusaram a pagar o prêmio ao qual tinham direito.
Essa pesquisa corrobora a preocupação de vários setores econômicos — do varejo aos bancos, ando por instituições educacionais — com a diminuição do poder de compra do brasileiro e o endividamento causado pelas apostas online.
Muitas medidas foram e estão sendo tomadas para conter a “epidemia” de jogos no país, como a cobrança de determinados setores ao governo para a regulamentação — que já foi realizada —, o bloqueio de recursos de auxílios sociais, como o Bolsa Família, para jogos, restrições no uso de cartões de crédito e alertas dos bancos aos clientes sobre os riscos das apostas.
Por outro lado, há um enorme lobby e pressão do setor de apostas sobre o governo. A organização sem fins lucrativos voltada à transparência pública, Fiquem Sabendo, revelou uma campanha massiva de lobby de representantes das empresas da área em Brasília.
Estima-se que ocorreram cerca de 78 reuniões em nove ministérios no Congresso sobre a regulamentação de jogos e apostas online. Com o mercado regulado, o governo pode arrecadar entre R$ 5 e R$ 7 bilhões por ano em impostos.
No começo do ano, com a regularização das casas de bets promovida pelo governo federal, apenas 14 empresas de apostas foram autorizadas a operar definitivamente no Brasil até 2029.
Das 103 que solicitaram licença, 51 obtiveram autorização provisória, e 38 tiveram o pedido negado. Atualmente, estima-se que existam cerca de 450 sites de apostas ativos no Brasil, já que cada empresa pode operar até três marcas.
Todas as empresas devem cumprir exigências como domínio .bet.br, proibição de crédito, cadastro via F, reconhecimento facial e controle financeiro rigoroso.
Em meio às disputas para conter, liberar ou restringir as apostas, o Procon afirma que todo consumidor que se sentir lesado de alguma forma pelas casas de apostas pode procurar o órgão, que irá orientá-lo sobre como agir em casos de infração.