
Sede da Procergs em Porto Alegre. Foto: Divulgação.
Os funcionários da Procergs, estatal gaúcha de tecnologia, voltaram ao trabalho nesta terça-feira, 09, encerrando assim uma greve que já durava 50 dias.
De acordo com o Sindppd-RS, foi a maior paralisação já registrada na Procergs. Foi também a primeira greve feita com os funcionários em home office, contando inclusive com piquetes digitais feitos em salas de reunião do Google.
A própria decisão de encerrar a greve, aliás, foi tomada por cerca de 330 trabalhadores pelo Google Meet e pelo canal do Youtube.
A Procergs tem cerca de 1 mil funcionários, reforçados por contratos de fábrica de software com empresas privadas.
“Os grevistas aguentaram mais de um mês de paralisação e não cederam aos ataques da direção da Procergs, que cortou os vale-alimentação durante a greve e também o pagamento dos salários. Mas os trabalhadores, de forma corajosa e decidida, aram por cima de todos esses abusos”, resume o Sindppd-RS em nota no seu site.
O resultado para os grevistas, no entanto, não parece ter sido dos melhores.
O grande tema da greve era a tentativa da Procergs de extinguir os adicionais de tempo de serviço anuais e quinquenais, um tema chave em uma empresa com muitos funcionários com muitos anos de casa.
Depois da mediação do Tribunal Regional do Trabalho, ficou definido que os adicionais valem até dezembro de 2021.
Adicionais que os funcionários já recebem serão incorporados como uma rubrica à parte, mas terão que ser reajustados junto com os salários.
Outro grande debate foi o que fazer com os dias parados, um item que prolongou a fase final da greve.
A Procergs iniciou com uma posição de descontar em dinheiro todos os dias da greve.
O Sindppd-RS obteve uma liminar que garantia o pagamento dos salários até que finalizasse a mediação, o que prolongou a disposição dos grevistas.
No final, ficou fechado que 15 dias seriam descontados em 12 parcelas mensais e consecutivas a partir da folha de pagamento de março de 2021, sem repercussões em 13º e férias. A outra metade será abonada pela empresa.
A Procergs é responsável por desenvolver sistemas e manter sites e serviços online de secretarias e de órgãos estaduais, como o Tudo Fácil, Detran, Polícia Civil e Brigada Militar, além do agendamento de consultas pelo SUS.
A empresa também opera o sistema de nota fiscal eletrônica gaúcha e faz o mesmo como prestação de serviço para outros estados.
A estatal costuma fazer pelo menos uma greve a cada nova gestão do governo gaúcho na última década, mas acelerou um pouco o ritmo nos últimos tempos, com greves em 2017, 2019 e agora em 2021.
A prestação de serviços nunca foi seriamente comprometida.