
Empresa vai olhar de perto os dados na Americanas. Foto: Depositphotos.
A Lojas Americanas contratou a ICTS Security, uma empresa brasileira de segurança da informação, como parte do seu processo de recuperação judicial.
Em nota divulgada nesta sexta-feira, 3, a Americanas informa que a ICTS Security será responsável pela “implementação de medidas internas adicionais para proteção de dados e informações”.
O texto não chega a dar mais detalhes do que a ICTS Security vai fazer na prática, mas o escopo de atividades da empresa dá uma ideia das possibilidades.
Em seu site, a ICTS divulga desde auditorias até investigação e apuração de delitos, ando por varredura eletrônica de ambientes e projetos integrados de segurança.
É o tipo de ferramentas que seguramente farão falta na Americanas, na medida em que a empresa busca apurar como foi possível a criação de "inconsistências contábeis” na casa de R$ 20 bilhões, seguidas da constatação de dívidas de R$ 43 bilhões e um pedido de recuperação judicial.
A contratação da ICTS Security foi anunciada na mesma nota na qual foi comunicada o afastamento de todos os três diretores estatutários da empresa, com exceção de João Guerra, um profissional de carreira com background em TI que foi nomeado CEO interino após o escândalo se tornar público.
A ICTS Security é discreta, mesmo para os paradigmas já discretos no setor de cibersegurança.
A empresa é uma das três que compõem a operação da ICTS, uma empresa oriunda de uma multinacional israelense de segurança com o mesmo nome, cuja operação brasileira foi comprada pelos executivos no país em 2005.
Ao todo, o grupo tem 500 profissionais e serve a mais de 1 mil clientes a partir de seus escritórios localizados em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Barueri.
BATATA QUENTE
Assumir um contrato com a Lojas Americanas no momento não é uma decisão trivial. De fato, algumas empresa já foram contratadas e deram para trás e outras nem aceitaram conversar.
A Punder Advogados, responsável pela busca e apreensão de provas para averiguar uma possível fraude na gestão da Americanas, anunciou que estava deixando o caso na semana ada.
O escritório de advocacia justificou a decisão pelos “riscos de integridade” que acredita estar sujeito como consequência da ação movida pelo Bradesco contra Jorge Paulo Lemann, Carlos Sicupira e Marcel Telles, os principais acionistas da varejista e alguns dos homens mais ricos do país.
Antes da Punder, a EY e a Deloitte, duas das maiores empresas de auditoria do mundo, recusaram um pedido da Justiça paulista para periciar os computadores dos executivos da Americanas.
Segundo a Folha de S. Paulo, enquanto a EY alegou conflito de interesses por já compor o comitê independente de investigações sobre a crise da varejista, a Deloitte disse apenas seguir diretrizes internas.