
Luciano Kubrusly, CEO da Officer.
A Officer, distribuidora de tecnologia que já esteve entre as maiores do mercado brasileiro, concluiu em dezembro seu processo de recuperação judicial, após um pedido de concordata feito em outubro de 2015.
“A jornada foi desafiadora, e só conseguimos atravessá-la em função da responsabilidade, diligência, dedicação, comprometimento e competência de nosso time”, afirma Luciano Kubrusly, CEO da Officer, em comunicado distribuído aos clientes.
Kubrusly destaca que “90% das empresas que entram neste caminho da recuperação judicial não saem do outro lado”.
O desafio da companhia era grande: o endividamento líquido era de R$ 148,3 milhões no final do primeiro semestre de 2015, com um prejuízo acumulado de R$ 21 milhões no período.
Segundo disse na época a Ideiasnet, então controladora da Officer, os maus resultados vieram em decorrência do agravamento da crise econômica, assim como o atraso no recebimento de faturas e a dificuldade de estabelecer políticas razoáveis de financiamento para seus clientes.
Como um todo, o mercado de distribuição ia mal na época: de acordo com dados da Associação Brasileira dos Distribuidores de Tecnologia da Informação (Abradisti), o segmento fechou o ano de 2015 com uma queda de faturamento de 8%.
Em 2016, a empresa aprovou um acordo com seus credores para a reestruturação da sua dívida de aproximadamente R$ 300 milhões. No mesmo ano, a Ideiasnet vendeu a Officer, no ado o seu principal ativo, para fundo Metta Participações.
Kubrusly, que foi country manager da Apple no Brasil entre 1996 e 2000, assumiu o cargo logo depois.
Em 2017 a situação começou a melhorar, com a mesma Abradisti divulgando um faturamento total do setor de R$ 11,3 bilhões, o que representa um crescimento de 7,6% na comparação com 2016.
Para 2018, a previsão da entidade era que o setor cresça num ritmo parecido, chegando a R$ 12 bilhões.
A meta de faturamento para 2016 da Officer foi estabelecida em R$ 200 milhões, uma sombra do ado, quando a empresa chegou a bater na casa do bilhão de reais.
O cenário de distribuição mudou bastante no Brasil. Justamente durante o período problemático da Officer, gigantes internacionais aproveitaram para investir no país, comprando players locais.
A Arrow comprou a CNT Brasil, a ScanSource levou a Network1 e a Westcon, anunciou uma reformulação de sua estrutura no Brasil, unificando a liderança de suas unidades de negócio. Essas empresas ocupam hoje o topo da pirâmide.
A Officer segue viva, mas é hoje uma companhia de distribuição de médio porte.