
Marcos Pontes está no limite? Foto: José Cruz/Agência Brasil
O ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, de 56 anos, foi internado no Hospital das Forças Armadas (HFA), em Brasília, na noite desta quarta-feira, 11, segundo a assessoria do ministério.
O ministro recebeu alta na parte da tarde da quinta-feira, 12, com recomendação de 48 horas de repouso.
A informação veio à tona porque Pontes era esperado e não compareceu nesta quinta na Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados, para uma audiência sobre a exoneração de Ricardo Galvão, diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Galvão saiu do INPE em meio a uma polêmica pública com o presidente Jair Bolsonaro, que duvidou da veracidade dos dados sobre desmatamento do instituto, ao qual acusou de estar a serviço de ONGs.
A comunidade científica do país ficou do lado de Galvão na disputa e o ministro Marcos Pontes do lado de Bolsonaro, atravessando assim uma situação de grande desgaste público, que certamente será explorada pela oposição na audiência, que agora será remarcada.
Além da encrenca do INPE, Pontes está às voltas com a possibilidade de corte das bolsas do CNPq, que são responsabilidade do Ministério de Ciência e Tecnologia.
O orçamento destinado às bolsas do CNPq tem um déficit de mais de R$ 200 milhões do ano ado, com a possibilidade dos pagamentos serem suspensos em outubro.
Toda essa pressão pode ter sido demais para o ministro, que antes de ser nomeado fazia uma uma carreira de palestrante motivacional e garoto propaganda de empreendimentos meio duvidosos como um “travesseiro aprovado pela Nasa”.
Mesmo os dias de astronauta, participando de uma missão espacial em 2006, podem ter sido menos estressantes do que o dia a dia do governo Bolsonaro, nos quais quais o dinheiro é escasso e ninguém sabe o que o presidente pode dizer no seu próximo pronunciamento.
Pontes não é o único que está sofrendo com o stress. Em 27 de agosto, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, deu entrada na Unidade de Emergência "com quadro de mal estar". Ele recebeu alta no dia seguinte.
Na época da internação, Salles havia entrado em evidência por causa das queimadas na Amazônia, que se tornaram uma polêmica em nível mundial, agravada por intervenções imprevisíveis de Bolsonaro e seu círculo mais próximo.
Salles, apesar de um pouco mais experiente na carreira pública que Pontes (foi secretário do Meio Ambiente de São Paulo de 2016 a 2017), também não é nenhuma raposa velha.