
LA Clippers quer sair da sombra do LA Lakers. Foto: NBA.
A Globant, multinacional argentina de desenvolvimento de software, acaba de fechar um contrato com o LA Clippers para ser fornecedora de tecnologia para o novo estádio que o time de basquete da NBA está construindo em Inglewood, na região metropolitana de Los Angeles.
Em nota, a Globant fala em “ajudar a integrar o roteiro digital” do novo estádio, um investimento de quase US$ 2 bilhões que deve estar pronto em 2024.
O texto não chega a dar muitos detalhes práticos do que isso significa, falando apenas em “níveis nunca antes vistos de imersão e engajamento”.
“Como a Globant nos ajudará? Seria mais fácil listar as maneiras que eles não vão. Eles ajudarão a integrar a tecnologia de uma maneira que nunca foi feita antes, enquanto criam uma experiência de ponta a ponta sem atrito para todos os fãs que visitam o Intuito Dome”, afirma Gillian Zucker, presidente de operações comerciais da LA Clippers.
Rasgação de seda à parte, existem razões para acreditar que o novo estádio será realmente especial quando o assunto é tecnologia.
A principal delas é que o presidente do LA Clippers é ninguém menos do que Steve Ballmer, CEO da Microsoft entre 2000 e 2014 e um ícone do setor de tecnologia.
Ballmer deixou a Microsoft de vez em agosto de 2014 (ele ainda estava no conselho de istração) para assumir o LA Clippers, adquirido por ele no mesmo ano por US$ 2 bilhões (trocado para o executivo, que é dono de 4% da Microsoft).
Desde então, Ballmer vem se dedicando com sua energia habitual à tarefa de transformar o Clippers, o eterno primo pobre do LA Lakers, em uma potência do basquete americano.
A nova casa é a chave para isso. Hoje, ambos os times dividem o mesmo estádio em Los Angeles, o que dificulta a diferenciação. Com a nova Intuit Dome, Ballmer quer criar uma experiência e também um pólo oposto ao Lakers, apostando nos torcedores dos arredores de Los Angeles.
O contrato com os Clippers abre a porta para a Globant na alta roda do mundo de tecnologia americano.
Os naming rights do estádio, por exemplo, foram comprados por US$ 500 milhões pela Intuit, uma grande fornecedora de software fiscal americana (que aliás, dias atrás decidiu dar no pé do Brasil).
A Globant parece estar apostando pesado em contratos com grandes organizações do esporte, que normalmente não pagam muito, mas garantem uma visibilidade que poucos clientes podem oferecer em outros setores da economia.
Ainda em outubro, a empresa anunciou que ia trabalhar na plataforma de streaming Fifa+, ao mesmo tempo em que se torna patrocinadora de diversas competições organizadas pela entidade máxima do futebol, incluindo a próxima Copa do Mundo no Catar, no final do ano.
Em nota, a Globant afirma que vai criar “novos recursos e experiências conectadas para os usuários”, ao mesmo tempo em que “apoiará a distribuição da plataforma”.
O Fifa+ é uma iniciativa estratégica da Fifa, em um momento em que todo tipo de produtores de conteúdo (no final das contas, a atividade final da entidade) tenta construir uma oferta viável em streaming para competir com players como o Netflix pela atenção da audiência.
A Globant tem 25 mil funcionários espalhados por 20 países no mundo.
No Brasil, a gigante argentina abriu um escritório em São Paulo em 2014 e vinha tendo uma presença discreta no país, o que deve mudar.
Em setembro, a empresa divulgou planos de dobrar sua equipe local para 1,4 mil funcionários.
A Globant é um benchmark para outras empresas latino americanas de desenvolvimento de software.
A empresa foi apontada como "Worldwide Leader of Digital Strategy Consulting Services” pelo relatório IDC MarketScape e foi ainda a primeira empresa latino americana a abrir capital nos Estados Unidos, ainda em 2014.
No ano ado, a receita total foi de US$ 814 milhões, uma alta de 23,5% frente aos resultados do ano anterior.