
UFRGS se aproxima da Serra Gaúcha. Foto: Divulgação.
A prefeitura de Farroupilha, um município de 70 mil habitantes na Serra Gaúcha, doou para a UFRGS um terreno onde deve ser instalado no futuro uma unidade do parque tecnológico Zenit.
De acordo com o jornal O Pioneiro, a unidade terá três edificações, onde serão centralizadas e coordenadas ações de fomento à educação empreendedora e criação de novos negócios inovadores.
Uma unidade da universidade federal sediada em Porto Alegre é um sonho antigo dos municípios da Serra Gaúcha, um polo industrial do Rio Grande do Sul, e é apoiado por diferentes cidades da região através da Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste (Amesne).
O início do atendimento na região ainda não tem data definida. O desenvolvimento do projeto está dividido em duas fases, sendo a primeira de definição do portfólio de serviços a serem ofertados e a segunda, referente à implantação da infraestrutura física, deve ser finalizada dentro de 30 meses.
Está desculpado quem for um pouco cético sobre a possibilidade de cumprir o prazo, em um momento em que o contingenciamento de gastos do governo federal na área de educação impacta diretamente a UFRGS.
No caso da UFRGS, o corte de R$ 55,83 milhões no valor de custeio pode tornar a universidade inviável até o final do ano impossibilitando o pagamento de água e luz, entre outros serviços, segundo explicou o reitor da instituição, Rui Vicente Oppermann, em entrevista à Zero Hora.
Seja como for, os cortes podem ser revertidos, como todo tipo de medidas até agora no governo Jair Bolsonaro, e a doação do terreno é uma base sólida a partir da qual a UFRGS pode avançar na Serra Gaúcha uma vez que a questão do futuro a curto prazo estiver resolvida.
Então pode ter início uma curiosa competição entre Porto Alegre e Farroupilha, para ver onde o Zenit consegue terminar um parque tecnológico antes.
A UFRGS foi o berço de uma série de empresas importantes do setor de eletroeletrônica gaúcho, como Altus, Digitel e , além de manter convênios com multinacionais como Microsoft, HP e Dell.
O Zenit tem programas de capacitação, incubação, aceleração, conexão e internacionalização, 37 startups em seu portfólio e três incubadoras.
No entanto, as iniciativas estão distribuídas em diversos locais de Porto Alegre e o parque tecnológico, fundado em 2011, tem menos visibilidade que as iniciativas de universidades privadas como Unisinos e PUC-RS, cujos parques foram fundados no começo dos anos 2000 e hoje são referências nacionais e contam com vistosos conjuntos de prédios.
O Zenit tem uma local do tipo para fazer a construção do parque tecnológico da universidade, em uma área de 15 hectares dentro do chamado campus do Vale da UFRGS, que abriga diversos cursos em um ponto distante da cidade, quase na vizinha Viamão.
Inicialmente, a iniciativa sofreu empecilhos colocados por uma parcela dos estudantes da federal, ciosos de uma infiltração da iniciativa privada no mundo universitário.
Depois, o início das obras tem sido sucessivamente atrasado por um labirinto burocrático de licenciamentos, uma vez que a área do parque inclui vegetação e é atravessada por um córrego. Há tempos, aliás, não há novidades sobre o assunto.
A Serra Gaúcha é conhecida por seu dinamismo e capacidade de mobilização. Não seria surpreendente se o Zenit fosse concluído antes em Farroupilha do que em Porto Alegre.