
Testando, 1, 2, 3. Foto: Embraer.
A Embraer realizou o primeiro teste estático com o motor elétrico da WEG, após concluir com sucesso a integração do novo sistema que será usado no avião de demonstração da tecnologia de propulsão aeronáutica 100% elétrica.
O ensaio ocorreu na unidade da Embraer em Botucatu, interior de São Paulo, onde o protótipo está sendo fabricado.
A exemplo da Boeing e Airbus, a Embraer também entrou na onda dos drones de ageiros, os chamados Electric Vertical Take-off and Landing (eVTOL).
Pelo menos na prancheta e nas suas apresentações institucionais, os drones já aparecem com destaque quando o assunto é inovação. Foi criada até uma subsidiária para isso, a EmbraerX.
O teste estático utilizou fonte externa de energia. Ou seja, o motor foi ligado na “tomada” apenas para testar a rotação, potência, vibração, entre outras características. Segundo a Embraer, está prevista para o início de 2020 a chegada do conjunto de baterias de alta voltagem que permitirá os avanços dos ensaios em condições de operação real e primeiro voo do protótipo.
As baterias são, de fato, o maior obstáculo para a aviação movida à eletricidade. A tecnologia das baterias de íon-lítio permitiu que automóveis adotassem motores elétricos com sucesso.
Mas carro não voa. E baterias são muito pesadas. Por isso, o desenvolvimento de motores mais eficientes e baterias mais leves é chave para que o setor aeroespacial elétrico decole.
Recentemente, assistimos à primeira companhia aérea a oferecer vôos de ageiros utilizando um avião elétrico. Muito bacana, não? Porém a viagem é curtíssima. Dura apenas 15 minutos e é feita por um hidroavião que, em caso de pane, aterrisa na água.
Por esta restrição das baterias atuais, os drones de ageiros devem demorar a se tornarem uma realidade cotidiana. A própria EmbaerX joga a novidade para o ano de 2030, numa visão de médio/longo prazo.
Por isso, o teste estático com um avião do tipo “teco-teco” ligado na tomada grande importância. É apenas o primeiro o de algo de pode vir a ser fundamental para a sobrevivência da companhia no século XXI.
Em nota, a empresa afirma que “o processo de eletrificação faz parte de um conjunto de esforços realizados pela Embraer e outras empresas do setor aeronáutico que visam atender seus compromissos de sustentabilidade ambiental”.
Com isso, a empresa pretende estimular redes de conhecimento local. O acordo de cooperação com a catarinense WEG, firmado em maio de 2019, prevê a realização de pesquisa e desenvolvimento em fase pré-competitiva para acelerar o conhecimento das tecnologias necessárias à utilização e integração de motores elétricos.
Olhando em retrospecto, a parceria pode parecer óbvia. A Embraer é líder de mercado no seu segmento, assim como a WEG. Ainda que menos conhecida, a fabricante catarinense é uma das titãs dos motores elétricos industriais, com grande penetração internacional.
Falta agora, nesta equação, um instituto de pesquisa que dê conta de fornecer baterias leves e altamente energéticas para tornar a aviação elétrica economicamente viável.
* Carlos Martins é Diretor Executivo do E-24 Mobility Lab e idealizador da primeira corrida de carros elétricos do Brasil. Escreve para o Baguete sobre temas relacionados com indústria automobilística e mobilidade.