
Correios precisam de inovação. Foto: flickr.com/photos/mauriciomeireles
O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações fechou um acordo com os Correios pelo meio do qual a Correios Participações S/A, uma subsidiária da estatal de correios, investirá em startups dentro do programa Startup Brasil.
A novidade foi divulgada pelo MCTIC nesta terça-feira, 01. O convênio terá duração de 12 meses.
Não foi revelado o volume de total de recursos que o Correios investirão, quando ou como funcionará a seleção e se as aceleradoras de tecnologia participantes no Startup Brasil terão algum papel nela.
Lançado em 2013 pela então presidente Dilma Rousseff, o Startup Brasil dava empréstimos a fundo perdido de até R$ 200 mil para companhias de tecnologia, em um projeto que envolvia também aceleradoras de todo o país.
Foram 183 startups apoiadas em quatro turmas nos anos de 2013 e 2014.
Em 2015, já com os efeitos da crise econômica batendo, os editais pararam de ser publicados.
O MCTIC deu sucessivos prazos para a abertura de uma nova turma, todos descumpridos até o momento (o último colocava como prazo o segundo semestre).
Ao que parece, o programa foi reformulado como uma iniciativa de inovação voltada para os Correios, em atividades como vendas on-line e rastreamento de veículos e mercadorias.
Representantes da CorreiosPar na banca de avaliação de projetos selecionados para o programa.
Não há dúvidas que os Correios precisam mudar. Mesmo sendo detentora de um monopólio da maioria dos serviços que presta, a empresa caminha para fechar 2017 como o quinto ano dando prejuízo.
Desde 2013, o prejuízo acumulado é da ordem de R$ 4,4 bilhões.
As últimas tendências parecem não ser a prioridade: no fim de 2016, por exemplo, os Correios decidiram suspender o e-Sedex, serviço de entrega oferecido para o comércio eletrônico.
Provavelmente, os Correios abraçaram o Startup Brasil porque o presidente da empresa, Guilherme Campos, ex-deputado federal (DEM-SP), era presidente do PSD, partido do ministro das Comunicações de Temer, Gilberto Kassab.
Campos foi nomeado por Kassab 21 dias antes da aprovação da Lei das Estatais, que impede que pessoas que participaram da diretoria de partidos políticos ou da organização de campanhas eleitorais nos 36 meses anteriores à indicação assumam a direção de estatais.
O atual presidente é o último de uma longa trajetória de indicados políticos, cujo estudo da árvore genealógica pode jogar um pouco de luz sobre porque os Correios estão no buraco que estão.
Segundo a central sindical Conlutas, desde 2003 ingressaram nos quadros da companhia cerca de 700 sindicalistas, e 16 das 28 diretorias regionais eram comandadas por filiados ao PT.
Já na gestão de André Figueiredo, ministro das Comunicações pelo PDT de outubro de 2015 a maio de 2016, o presidente dos Correios foi Giovanni Queiroz, do mesmo partido.
Hoje, as oito vice-presidências dos Correios estão ocupadas por apadrinhados de PDT, PSD, PTB e PMDB
Boa sorte para as startups selecionadas.