
Vinícius Roveda.
A ContaAzul, empresa de software de gestão na nuvem, liberou o uso do seu produto de graça para escritórios de contabilidade.
O plano disponibilizado é o mais completo, que, na versão paga, sai por R$199 (a tabela de preços da companhia de ville começa em apenas R$ 29).
Essa versão autoriza até 20 usuários, emitindo 3 mil boletos por mês. A nota divulgada pela ContaAzul não revela se a liberação é uma decisão permanente ou apenas uma promoção, ainda que dê a entender a segunda hipótese nas entrelinhas.
“Queremos que ele possa testar todas as funcionalidades do sistema, sem limitações ou necessidade de pagar para ter o a todas as ferramentas. Assim consegue visualizar o beneficio que o uso do ContaAzul traz para o negócio“, explica Vinicius Roveda, CEO da ContaAzul.
A lógica comercial da movimentação parece ser avançar em um grande mercado consumidor de software de gestão.
De acordo com dados do Conselho Nacional de Contabilidade, existem no Brasil, só no Brasil, existem 491 mil profissionais registrados e 82 mil escritórios ativos.
Nos últimos cinco anos, houve aproximadamente 170 mil novos registros de profissionais da Contabilidade.
Do total de contadores e técnicos em contabilidade registrados nos 27 Conselhos Regionais de Contabilidade (CRCs), cerca de 135 mil estão na faixa etária de até 35 anos, em tese, profissionais mais abertos ao conceito de software na nuvem.
A ContaAzul está calçada financeiramente para bancar o uso gratuito do seu software. Em fevereiro, a empresa recebeu um aporte na faixa dos R$ 20 milhões pela Tiger Global.
Foi o quinto aporte na empresa, fundada em 2011. Já colocaram dinheiro por lá fundos como Ribbit Capital, 500 Startups, Monashees e Valar.
A ContaAzul está hypada no momento, tendo sido eleita no ano ado uma entre as 10 empresas mais inovadoras da América Latina pela publicação norte-americana Fast Company.
Como a decisão de liberar o software de graça indica, no entanto, todo esse charme pode não estar colando no mundo dos escritórios de contabilidade.
Parte do motivo pode ser que esse mercado, no qual começaram muitos players de ERP, já é atendido por inúmeros fornecedores, alguns deles bastante poderosos.
Em 2012, a gigante britânica de sistemas de gestão Sage Group comprou 75% da paulista Folhamatic por R$ 398 milhões.
A Folhamatic era um dos maiores players do país em escritórios de contabilidade, com 10 mil clientes e 150 mil usuários e faturamento de R$ 135,4 milhões em 2011.
No ano seguinte, a Sage levou ainda a Empresa Brasileira de Sistemas (EBS), sediada em Curitiba, e da Cenize Informática, de São José dos Pinhais, desembolsando cerca de outros R$ 40 milhões no processo.
A EBS tinha então 4 mil clientes, 2,3 mil deles firmas de contabilidade e os restantes em outros ramos. A maior parte da base está no Paraná. A Cenize tem 7 mil pequenos e médios clientes no Brasil.
A ContaAzul afirma ter 400 mil empresas usuárias, mas não abre maiores dados sobre como eles estão distribuídos ao longo da sua tabela de preços ou o mesmo o seu faturamento total.
A empresa também afirma agregar 20 mil novos clientes por mês, o que, frente à base total e aos preços dos planos de entrada, pode indicar uma alta taxa de rotatividade na base.