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Marcelo Pagotti.
Marcelo Pagotti, secretário de Tecnologia da Informação e Comunicações do Ministério do Planejamento, que chegou a ser cotado para ser uma espécie de “CIO” do governo federal, foi exonerado do cargo nesta terça-feira, 20.
A medida está no Diário Oficial da União, encerrando alguns dias de especulação sobre o destino de Pagotti, que teve uma ascenção meteórica desde a sua entrada no Ministério do Planejamento em maio de 2016, vindo de uma carreira na área de TI do Banco do Brasil.
O Convergência Digital, um site de TI baseado em Brasília, já havia noticiado a saída de Pagotti na quarta-feira, 14.
No dia seguinte, na quinta-feira, 15, o profissional deu uma entrevista para o Tele Síntese, garantindo que estava no cargo e que uma das suas principais propostas, a chamada “mega licitação” de nuvem para diversos órgãos públicos, estava mantida.
No relato do Convergência Digital, que costuma ser um observador bem informado dos acontecimentos no Planalto, a mega licitação de nuvem foi um das ideias de Pagotti que geraram os atritos que culminaram com a demissão.
A ideia de uma mega compra foi baseada numa decisão do governo federal que 220 órgãos ligados ao SISP - Sistema de istração dos Recursos de Tecnologia da Informação deveriam comprar juntos em grande escala.
Um termo de referência chegou a ser publicado, como preparação para uma licitação para contratação de serviços de computação na nuvem no valor de R$ 16 milhões em nuvem coletiva para 40 órgãos federais.
A previsão era por três lotes, os dois primeiros para a contratação de computação em nuvem (60% do volume no primeiro e 40% no segundo, com fornecedores diferentes) e o terceiro lote o e técnico, treinamento e tecnologia de gerenciamento entre as duas nuvens.
A decisão teria causado contrariedade, ao retirar autonomia de decisões de órgãos poderosos como a Receita Federal, que na prática funciona como um mundo à parte.
Dataprev e Serpro, as duas principais estatais de processamento de dados em nível federal, anunciaram nos meses seguintes seus planos de se tornarem “brokers” de nuvem, provavelmente de olho em manter sua influência dentro desse novo modo de fazer as coisas.
Ainda de acordo com o Convergência Digital, a manobra da criação da posição de CIO serviria para dar a Pagotti o poder necessário para emplacar essa visão.
Mas o “plano CIO” foi engavetado, deixando a Secretaria de Tecnologia da Informação e Comunicações na mesma posição de falta de influência sua antecessora, Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação, capaz apenas de fazer recomendações sobre a estratégia de TI que cada órgão pode seguir ou não.
O Gleisson Rubin, sucessor interino de Pagotti, garantiu ao Tele Síntese que "prioridades na área de TIC são do governo e essas permanecem inalteradas".
Mesmo assim, Rubin disse que vai reavaliar "prazos e todas as etapas programadas para ver o que é possível ser mantido ou repriorizado", o que seria feito “no menor tempo possível”.
Com as eleições se aproximando, isso pode significar muito bem o próximo governo, o que também pode significar nunca.