
Deus e o Diabo na Terra do Sol, uma das prováveis atrações do Netflix brasileiro.
O Ministério da Cultura está trabalhando em uma versão nacional do Netflix, com lançamento previsto para 2016.
A informação é da coluna Radar do jornalista Lauro Jardim na Veja. De acordo com Jardim, ainda não foi definido se a gestão de uma plataforma de vídeos sob demanda seria pública ou em parceria com a iniciativa privada.
O que já se sabe é que o Netflix brasileiro terá apensa filmes nacionais, incluindo obras de domínio público, oferecidos de graça, e filmes sobre os quais ainda incida o direito autoral e que, consequentemente, serão cobrados.
Procurado pela reportagem do Baguete, Ministério da Cultura confirmou por nota existência do projeto e disse que o modelo do serviço, assim como o investimento em base tecnológica e as formas de licenciamento e remuneração estão "em estudo".
O texto afirma ainda que o estado financia grande parte da produção que é feita no país, mas que a "maioria dos cidadãos não tem o a esses filmes".
De acordo com algumas estimativas (o Netflix não divulga esses dados por país), o Brasil tem 2,5 milhões de s do serviço de streaming de vídeo, o que representaria uma renda anual de R$ 500 milhões nesse ano, mais do que canais de TV tradicionais como Band e RedeTV, quarta e quinta maiores emissoras abertas brasileiras.
Outras estimativas, vindas de executivos de canais pagos e de operadoras falam em 4 milhões de s no Brasil, com um faturamento próximo de R$ 1 bilhão, já semelhante ao de um canal de TV aberta como o SBT.
Essa estimativa colocaria o Neflix como a terceira maior operadora de TV paga do Brasil, atrás da Net e Sky.
Todo esse poderio tem chamado atenção de Brasília, que ainda não conseguiu impor sobre o Netflix as regras que regulam atuação de outros players no mercado audiovisual.
Desde 2011, os canais de TV por , por exemplo, têm que exibir 3h30 de programação nacional por semana, que precisa ser veiculado em horário nobre.
Além disso, o Netflix não recolhe ICMS de 10% sobre a mensalidade nem paga o Condecine, uma taxa de R$ 3 mil sobre cada título de seu catálogo.
A iniciativa revelada pela Veja mostra que além de regular e taxar, o governo quer também copiar o sistema e tentar competir com os serviços de streaming.
O histórico recente de iniciativas do tipo do governo federal mostra dois possíveis resultados para um projeto do tipo: a irrelevância ou a não concretização.
Em julho de 2013, por exemplo, vendo a repercussão dos protestos de rua nas mídias sociais, a presidência decidiu lançar uma rede social própria, chamado de Observatório Participativo da Juventude. O site foi lançado oficialmente, mas não teve repercussão significativa.
Em setembro do ano ado, após virem à tona as denúncias de espionagem dos e-mails do governo, a presidente Dilma Rousseff decidiu criar concorrente brasileiro para serviços sujeitos à juridição americana como Hotmail e o Gmail.
O prazo para entrega era o fim do primeiro semestre de 2014. O prazo chegou, ou e nada aconteceu, porque os Correios e o Serpro, órgãos encarregados de executar a ideia, entraram num jogo de empurra sobre quem bancaria o custo de entregar um serviço do tipo.
Da mesma forma, alguém no Ministério da Cultura deve ter tido uma ideia genial em busca de um executor.
* Atualizado na quarta-feira, 13, às 11h20 com o posicionamento do Ministério da Cultura.