
Thor, o herói da Marvel. Foto: Divulgação.
A Cielo, uma das maiores empresas de pagamentos do Brasil, contratou a Thoughtworks, uma multinacional de desenvolvimento de software, para construir uma plataforma digital focada no trabalho do seu próprio time interno de desenvolvedores.
Em nota, as empresas explicam que a plataforma, batizada de Thor, deve agilizar e habilitar a criação de novos recursos e componentes de tecnologia, padronizando a entrega de ambientes de infraestrutura e evitando que as equipes tenham que se preocupar com padrões arquiteturais e processos de infraestrutura.
“Estamos empolgados em otimizar, simplificar e agilizar nossos ambientes de entrega para acelerar o tempo de lançamento de novos produtos e serviços para facilitar a vida dos nossos clientes”, afirma Mauro Gomide, diretor de tecnologia da Cielo
Como costuma acontecer nesse tipo de divulgações, faltam os detalhes picantes da história.
Isso porque a Cielo, uma organização que emprega algumas centenas de desenvolvedores, certamente tinha alguma solução focada em gerir esse trabalho da melhor forma possível.
Tendo em conta a sofisticação do negócio de pagamentos, é provável que essa solução fosse algum pacote de um grande fornecedor de soluções de desenvolvimento de software. A Thoughtworks, infelizmente, não diz qual era essa solução (IBM? Atlassian? Outros?).
De todas formas, a Thoughtworks tem muitas credenciais para um projeto do tipo que está fazendo na Cielo.
A empresa tem ela mesma um desenvolvimento de software complexo, com 10 mil pessoas distribuídas entre 49 escritórios e em 17 países.
A ThoughtWorks chegou ao Brasil em 2010, abrindo uma operação no Tecnopuc, parque tecnológico da PUC-RS em Porto Alegre. Depois foram agregados São Paulo, Recife e Belo Horizonte. Em 2017, a empresa tinha 515 funcionários no país.
Mais do que o número em si, que não é especialmente grande no contexto mundial, conta para a Thoughtworks o fato da empresa ser referência em métodos ágeis de desenvolvimento de software, o tema da vez na área de programação na última década pelo menos.
Fundada em 1993, a empresa tem uma reputação forte entre jovens profissionais, construída pelo pioneirismo no tema métodos ágeis (um dos principais executivos é Martin Fowler, um dos 17 signatários originais do Manifesto for Agile Software Development).
No começo do ano ado, a ThoughtWorks recebeu um aporte de US$ 720 milhões de um grupo de investidores, incluindo o GIC, um dos fundos soberanos de Cingapura, e a Siemens, gigante industrial alemã.
“Entre os resultados que serão obtidos no curto prazo, podemos destacar a abstração de uma nova camada de qualidade e segurança, que proporcionará uma redução na carga cognitiva, consequentemente reduzindo o tempo de lançamento e a construção de produtos digitais mais seguros e confiáveis”, explica Juliano Domingues, Technical Principal na Thoughtworks.
O projeto chega em um momento no qual a Cielo está fazendo modificações importantes na sua infraestrutura de TI.
Em novembro do ano ado, a Cielo divulgou que havia escolhido a AWS como “sua principal provedora de serviços de nuvem”.
A decisão foi divulgada em uma nota da AWS para a imprensa, sem maiores detalhes do que isso significa, ou qual é a duração do contrato.
A única informação mais prática é que a Cielo começou a migrar 900 servidores para a nuvem da AWS, o que de repente não é tanta coisa assim, falando da maior empresa de processamento de pagamentos do país.
Outra dado mais concreto é que 200 colaboradores da Cielo receberão treinamento da AWS em temas como arquitetura, desenvolvimento e dados.
A origem da Cielo é a Visanet, empresa fundada em 1995 por grandes bancos brasileiros, que, junto com a Redecard (hoje Rede), foi na prática um duopólio até 2009, quando acabou a exclusividade que as empresas tinham com Visa e Mastercard, respectivamente.