
Na natureza, nas guerras e nas empresas, colaborar é a nova chave para a sobrevivência.
Essa foi a mensagem de Don Tapscott, canadense autor do best seller Wikinomics que ou por Porto Alegre nessa quarta-feira, 16, durante o 4º Congresso Internacional de Inovação, na Fiergs.
“Um novo tipo de consciência e interconectividade pode surgir para salvar nossas instituições falidas, tendo a internet como uma plataforma de colaboração”, declara o autor.
O livro de Tapscott resulta de um projeto de pesquisa de US$ 9 milhões. Após publicado, ficou em primeiro lugar entre os mais vendidos sobre o tema gerência e foi traduzido para 20 idiomas.
Partindo do perfil do profissional jovem de hoje, e chegando até o murmúrio do voo dos estorninhos na Inglaterra antes de dormir após um dia de revoadas, Tapscott defendeu a inteligência e a consciência coletivas como fator de mudança para um mundo melhor.
Um dos núcleos dessa mudança é o que o escritor chama de “geração net” - tema do livro Grownup digital, pesquisa de US$ 4,5 milhões realizada com 11 mil jovens.
Jovens profissionais habituados a interagir e colaborar constantemente através da internet e que, infelizmente, para o autor, acabam sendo tolhidos por gerações mais antigas.
Tapscott conta o caso do governo de um estado norte-americano em que o o ao Facebook foi proibido. Ao perguntar ao CIO porque foi tomada a medida, se era uma questão de tecnologia, ouviu como resposta que estavam com medo que os jovens desperdiçassem muito tempo no site.
“Perguntei: o que aconteceu? Foram para o Twitter, me respondeu o executivo”, completa Tapscott.
A lição que o autor tentou ar é que não adianta barrar a colaboração.
“Ela tem que ser aproveitada. Tem que se pegar esse potencial e atrair para a sua empresa ou organização, com o objetivo de gerar inovação. Muitas pessoas têm feito isso”, disse Tapscott.
Um dos exemplos citados pelo palestrante é o da Goldcorp. O Facebook ainda não era a potência social de hoje, e sequer foi usado pelo CEO da empresa em 2007, Rob McEwen.
Após várias tentativas, McEwen estava frustrado porque sua equipe de geologistas não conseguia descobrir de onde extrair ouro numa das minas da companhia.
Foi então que o executivo decidiu adotar uma solução inédita na sua indústria: “abrir os dados geofísicos e dar US$ 500 milhões a quem descobrisse onde estava a mina de outro”. Tudo foi colocado na internet, tornando pública uma informação estratégica e confidencial.
Deu certo.
De uma empresa com US$ 100 milhões de giro, a empresa ou para US$ 9 bilhões de valor, com receita de US$ 2,7 bilhões em 2009, último ano disponível.
“Ele poderia ter simplesmente demitido os geologistas, como mandaria o senso comum, mas preferiu se perguntar quem eram os pares dele, e buscá-los para uma solução”, relembrou Tapscott.
Outro exemplo foi dos revolucionários no Oriente Médio. Grupos de estudantes, segundo o ista, que estavam sendo mortos por atiradores nas ruas da cidade. A solução para salvar a própria pele envolvia tecnologia e compartilhar informações.
“Eles fotografavam os atiradores e enviavam as fotos, com a indexação do GPS, para os exércitos aliados pela web. Isso salvou a vida desses jovens. E depois dizem que a internet só serve para marcar encontros”, declarou.
A lista de cases se completa com a IBM, que investiu no Linux e a Procter and Gamble, que abriu um concurso para descobrir a molécula que tira manchas de vinho de roupas.
“Todos experimentos abertos, de compartilhamento. Essa é a única saída de um mundo em crise financeira, crise de valores morais e tantos outras falências”, arrematou o palestrante.