
Medida ameaça o futuro da Suíça. Foto: flickr.com/photos/twicepix/
Será votado na Suíça neste domingo, 24, um referendo sobre um projeto de lei que propõe limitar o maior salário dentro de uma empresa a 12 vezes o valor do menor.
A iniciativa, chamada de "1:12 por um Salário Justo" ("1:12 Initiative for Fair Pay"), foi idealizada pela ala jovem do Partido Socialista Suíço – que coletou 100 mil s para lançar a votação.
A título de comparação, se uma lei do tipo fosse aprovada no Brasil, em uma empresa em que algum funcionário recebe o novo salário mínimo, proposto em R$ 722, o presidente poderia receber R$ 8,6 mil.
Especialistas ouvidos pela BBC – não que faça falta realmente ser um grande especialista – apontam que, se aprovada, a medida deve levar multinacionais sediadas no país como Nestlé e Roche para outros países sem restrições de remunerações e diminuir a arrecação de impostos.
A perda de arrecação é estimada em R$ 2,5 bilhões, uma vez que os 2% mais ricos da população pagam cerca de 47% de impostos diretos do país.
As fontes não disseram isso, mas também é provável que as empresas encontrem maneiras de oferecerem a remuneração que acham necessária para seus funcionários, transformando a medida em um gerador de burocracia.
Hoje, a Suíça é a economia mais competitivas do mundo, segundo dados do Banco Mundial.
As últimas sondagens, divulgadas na quarta-feira ada pela consultoria GFS Bern, indicaram que 54% são a contra a proposta, 36% a favor e 10% estão indecisos. Antes, em outubro, outra pesquisa mostrava que 44% dos suíços estavam a favor, 44% contra e 12% indecisos.
Para ser aprovada e entrar em vigor, a proposta precisa apenas ter mais de 50% dos votos, sem necessidade de aprovação do Parlamento.
Segundo o think-tank Denknetz, há 30 anos o pagamento de um CEO equivalia a cerca de seis vezes o salário médio suíço, mas a taxa avançou para 13 vezes no final dos anos 1990. E, em 2007, altos executivos ganhavam, em média, 56 vezes o piso salarial do país.